Título: Campanha nas capitais custou R$ 45 milhões
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 26/01/2005, O País, p. 10

Os prefeitos eleitos ano passado em 21 das 26 capitais gastaram em suas campanhas cerca de R$ 45 milhões, de acordo com as declarações apresentadas por seus partidos à Justiça Eleitoral. Desse total, R$ 14,8 milhões referem-se a doações para a campanha do tucano José Serra em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. Os dados referentes à campanha de Serra ainda não estão registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas constam no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo.

Os gastos de prefeitos eleitos de outras cinco capitais também não estão disponíveis no TSE. São eles Teresa Jucá (PPS), de Boa Vista (RR); Tadeu Palácio (PST), de São Luís (MA); Cícero Almeida (PDT), de Maceió (AL); Beto Richa (PSDB), de Curitiba (PR); e Duciomar Costa (PTB), de Belém.

Os números das doações declaradas à Justiça Eleitoral mostram que as eleições de 2004 para prefeito de capitais saíram mais caras para o PT.

Entre candidatos vitoriosos, o capixaba João Coser foi o que gastou mais, proporcionalmente ao número de eleitores. Para tornar-se prefeito de Vitória, ele desembolsou R$ 22,57 por eleitor conquistado. De acordo com o TSE, Coser obteve 68.151 votos e gastou R$ 1,5 milhão na campanha.

Duciomar Costa consta em lista como inadimplente

Em seguida, está o petista Roberto Sobrinho, também do PT, eleito prefeito de Porto Velho. Ele gastou R$ 1,1 milhão e obteve 56.716 eleitores, uma média de R$ 19,49 por voto.

O prefeito de Belém, Duciomar Costa, consta na lista como inadimplente. Ou seja, não prestou conta de seus gastos de campanha até a data limite, 30 de novembro de 2004. Pela lei eleitoral, ele está inelegível por quatro anos. O TSE não soube explicar em que situação estão os outros quatro prefeitos, de quem não há dados sobre gastos de campanha. Eles também não aparecem na lista de inadimplentes.

Também saiu caro o voto dado a Dário Berger (PSDB), prefeito eleito de Florianópolis. Ele teve 78.571 eleitores e gastou na campanha R$ 1,2 milhão.

Em números absolutos, quem mais gastou na campanha do ano passado foi Serra (PSDB). Conforme os valores divulgados pelo partido, foram desembolsados R$ 14,8 milhões. Levando-se em contra os votos obtidos por Serra (2.686.396), ele gastou R$ 5,52 por eleitor. O prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, teve o segundo maior gasto absoluto de campanha (R$ 4,4 milhões).

O custo da campanha de Iris Rezende (PMDB), prefeito de Goiânia, também foi alto. Com R$ 3,3 milhões gastos na campanha, ele obteve 299.912 votos, o que representa uma média de R$ 11,28 por eleitor.

Pelo projeto de lei em tramitação na Câmara, a União repassaria ao TSE, para ser gasto na campanha dos partidos, R$ 7 por eleitor. O Brasil tem hoje 119 milhões de eleitores. Assim, isso representaria um gasto público de R$ 833 milhões. Projeções sobre os números do TSE indicam que o gasto oficial na campanha municipal do ano passado ultrapassou R$ 1,1 bilhão. Se a proposta for aprovada, os recursos serão administrados diretamente pelos partidos, que terão que prestar contas depois ao TSE. Não será permitida a doação de entidades privadas, pessoas físicas ou jurídicas.