Título: Crédito a pessoa física tem menor taxa desde 94
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 26/01/2005, Economia, p. 22

Os empréstimos com desconto em folha de pagamento permitiram que a taxa média do crédito a pessoas físicas atingisse 61,5% ao ano em dezembro, o menor nível desde julho de 1994. Essas operações encerraram o ano com juros médios anuais de 40,71%, contra 70,8% do crédito pessoal (CDC). Para o Banco Central, isso se deve à garantia de pagamento, já que as parcelas são descontadas diretamente de salários e aposentadorias. Como resultado, inadimplência e prazos tiveram em 2004 os melhores resultados em quatro anos.

¿ Houve uma combinação de alta do crédito consignado e queda do volume de recursos do cheque especial. Só a consignação cresceu de R$ 6,319 bilhões em janeiro para R$ 12,401 bilhões em dezembro ¿ disse o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Luiz Malan.

Cheque especial: juros subiram e volume diminuiu

Graças ao crédito com desconto em folha, criado em agosto de 2003, apesar das quatro altas da taxa básica Selic em 2004, o juro médio cobrado de pessoa física vem caindo, passando de 63,4% ao ano em novembro para 61,5% no mês passado. A taxa média geral dos empréstimos caiu de 45,7% para 45% ao ano no mesmo período. Para as empresas, os juros ficaram estáveis, passando de 30,9% para 31% ao ano. Mas subiram em relação aos 30,1% de janeiro de 2004.

Segundo o economista do BC, o prazo das operações chegou a 273 dias em dezembro, o maior da série histórica, que começa em junho de 2000.

Os juros do cheque especial subiram de 142% ao ano em novembro para 144% mês passado, afugentando consumidores: no mesmo período, o volume de recursos caiu de R$ 10,963 bilhões para R$ 9,799 bilhões. Já o total de crédito pessoal foi de R$ 42,439 bilhões para R$ 43,488 bilhões entre novembro e dezembro. Segundo Malan, o volume de crédito no Brasil chegou a 26,3% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior nível desde setembro de 2002:

¿ É o processo de retomada do crédito e do crescimento da economia.

Inadimplência recua para menor nível desde 2000

A carteira de pessoa física subiu 35,3% (ou R$ 25,629 bilhões) nos bancos privados em 2004. Nos públicos, 25,8%, ou R$ 5,637 bilhões a mais. Esse movimento foi acompanhado por queda na inadimplência. Os atrasos superiores a 15 dias atingiram 6,7% em dezembro, o menor desde junho de 2000.