Título: INDÚSTRIA DA MÚSICA DIGITAL FATUROU US$330 MILHÕES NO ANO PASSADO
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Fonte: O Globo, 26/01/2005, Economia, p. 21

Pouco mais de 20 anos depois de revolucionar o mundo da música, o CD está com seu reinado ameaçado pela evolução do mercado digital: de acordo com um relatório divulgado na semana passada pelo IFPI, o órgão que representa as gravadoras de todo o mundo, a música baixada pela internet para aparelhos de MP3 e telefones celulares de terceira geração está se transformando rapidamente no meio usado pelos consumidores para ouvir seus sons favoritos.

De acordo com o IFPI, mais de 200 milhões de downloads foram executados nos EUA e na Europa em 2004, ano em que a indústria da música pela primeira vez registrou lucros significativos com esse tipo de operação ¿ US$330 milhões, com potencial de crescimento de pelo menos 100% em 2005.

O ano que passou já tinha dado alguns sinais da mudança de comportamento do consumidor no Reino Unido. Na última semana de 2004, os downloads pela primeira vez superaram as vendas físicas, com 312 mil unidades, 30 mil a mais que as de singles. Além da competitividade em termos de preço ¿ faixas na internet podem ser compradas às vezes por 49 centavos de libra ¿ um dos responsáveis pela tendência digital é o crescimento do número de sites oferecendo músicas. Foram 230 em 2004 nos EUA e na Europa, quase cinco vezes mais do que em 2003, quando foram registrados 20 milhões de downloads.

Isso sem falar na popularização dos aparelhos digitais, como o iPod, da Apple, que em 2004 foi lançado em versões mais acessíveis ao grande público, com direito a campanhas agressivas de marketing junto às gravadoras. O grupo irlandês U2, por exemplo, assinou um contrato com a Apple, que incluiu o lançamento de um iPod personalizado e já com o novo álbum da banda, ¿How to dismantle an atomic bomb¿, gravado na memória.

As operadoras de telefonia contra-atacaram com o lançamento exclusivo da nova música do cantor Robbie Williams via celular. Os britânicos hoje já contam com uma parada de sucessos para quem não se contenta com o simples ¿trim-trim¿ como toque.

Mas ainda é cedo para decretar o fim do CD. Afinal, o hábito de usar o computador como uma jukebox ainda não é febre entre os consumidores: pela IFPI, apenas uma entre dez pessoas faz downloads nos EUA e na Europa, e 50% do público entre 16 e 29 anos admitem baixar músicas ilegalmente.