Título: Combustível faz inflação pelo IPCA-15 recuar
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 27/01/2005, Economia, p. 26

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), que mediu a variação de preços entre 11 de dezembro e 12 de janeiro, baixou para 0,68% este mês, informou ontem o IBGE. A taxa que é uma prévia do IPCA ¿ índice que orienta o sistema de metas de inflação do governo ¿ fora de 0,84% em dezembro. A pressão menor dos combustíveis foi um dos principais fatores a conter o IPCA-15, que nos últimos 12 meses acumula alta de 7,54%.

O professor da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha considerou positivo o número. Além de a taxa ter sido menor que a anterior, o aumento já esperado nos preços dos alimentos veio menor, segundo o economista:

¿ Os serviços que tinham subido muito no IPCA fechado de dezembro (0,62%) caíram bem agora (0,38%). Alimentação também não subiu com tanta força como costuma acontecer nessa época.

Cunha acrescentou que essa taxa não fará o Banco Central (BC) mudar a política de juros:

¿ Não há dúvida que haverá outro aumento na taxa de juros (hoje em 18,25% ao ano). Se o BC mudar sua atitude agora, cria instabilidade no mercado.

Pesquisa indica inflação menor até o fim do mês

Os núcleos de inflação, que retiram das taxas as maiores variações de preços, recuaram este mês. A média ficou em 0,6%, contra 0,66% em dezembro. Segundo Marco Antônio Franklin, sócio da gestora de recursos Plenus, essa média ainda aponta uma inflação anual de 7,44%, bem distante da meta fixada pelo governo, de 5,1% para este ano:

¿ Mas no IPCA de dezembro essa inflação estava em 8,1% pela mesma medida ¿ lembra o economista.

Pela coleta de preços que a empresa de Franklin faz, a inflação deve recuar ainda mais este mês e, em janeiro, ficar entre 0,55% e 0,6%, abaixo das expectativas do mercado. Nos últimos dias, os preços dos alimentos passaram de 1,30% para 0,80%. O economista acredita que, com isso, o BC pare de subir os juros:

¿ Quando o BC ajustou a meta de 4,5% para 5,1% este ano, considerou que dois terços da inflação de 2004 seriam levados para os preços este ano. Só que, no ano passado, estimava-se que a inflação ficasse em 7,4%. Ela fechou em 7,6%. Portanto, a meta a ser alcançada deveria ser de 5,3% e não mais de 5,1%.

IPC-S fica estável em 0,81% na 2 semana de janeiro

Franklin afirma que os cálculos do BC já mostram essa inflação, o que tornaria desnecessária nova alta na taxa básica de juros.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ficou em 0,81% no mês terminado em 18 de janeiro, contra 0,82% da semana anterior.