Título: País tem recorde no crédito imobiliário
Autor: Fabiana Parajara
Fonte: O Globo, 27/01/2005, Economia, p. 26

O Brasil movimentou R$ 3,06 bilhões em financiamento imobiliário em 2004. Foi o melhor resultado nos últimos dez anos, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A informação foi divulgada ontem pela entidade, com base nos dados do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Ao todo, 54.467 operações foram realizadas em 2004.

Na comparação com 2003, houve um aumento de 49,4% no número de operações e de 38,1% no valor negociado. Segundo a Abecip, esses dois percentuais significam que caiu o valor médio dos financiamentos. De acordo com a entidade, o resultado do último bimestre de 2004 foi surpreendente. Apenas em dezembro, foram financiadas 6.077 unidades, contra 3.732 em dezembro de 2003 e 5.817 em novembro de 2004. O volume de dezembro também foi recorde nos últimos dez anos.

As instituições financeiras são obrigadas a aplicar em financiamentos habitacionais 65% dos recursos depositados em caderneta de poupança. Mas os bancos não direcionam todo o volume de recursos correspondente, porque utilizam para o cálculo títulos podres do Fundo de Compensação das Variações Salariais (o extinto FCVS, que quitava resíduos que sobravam ao fim do prazo de pagamento dos empréstimos).

Instituições terão que aplicar mais recursos no setor

No entanto, a lei 10.931, de agosto de 2004, fixou prazos para o fim da inclusão destes títulos no cálculo, o que obrigará os bancos a até quadruplicarem o volume de crédito para imóveis. Os recursos que não forem aplicados no setor serão recolhidos ao Banco Central com remuneração de 80% da TR. As projeções mostram que, com o novo cálculo, em 2005, os bancos privados terão R$ 12,8 bilhões para moradia.

Para 2005, a Abecip acredita que o cenário será favorável. Segundo o presidente da entidade, Décio Tenerello, os agentes de crédito imobiliário estimam um crescimento de 30% nos empréstimos, até os R$ 4 bilhões. Para ele, porém, esses números poderão ser maiores se, por exemplo, houver uma expansão em torno de 4% do Produto Interno Bruto; a redução dos juros básicos da economia para 16% ao ano até o fim do ano (hoje, a taxa está em 18,25% anuais); e a redução dos índices de desemprego para patamares abaixo de 10% (em 2004, a taxa média ficou em 11,5%, segundo o IBGE).