Título: Uma história turbulenta
Autor: Erica Ribeiro e Fernanda Medeiros
Fonte: O Globo, 27/01/2005, Economia, p. 29

O empresário Wagner Canhedo, que já atuava no ramo de transportes, comprou o controle da Vasp do estado de São Paulo por US$ 44 milhões em 1990, ano da posse de Fernando Collor. Os problemas começaram a vir à tona no mesmo ano, quando o então presidente da Petrobras, Luis Octavio da Motta Veiga, pediu demissão denunciando pressões para fechar um contrato de US$ 40 milhões com a Vasp. Pela proposta recusada, a Petrobras liberaria US$ 30 milhões em combustível e US$ 10 milhões em espécie, e em troca seria fornecedora preferencial da Vasp.

Em inquéritos policiais e numa comissão parlamentar de inquérito (CPI), Canhedo foi acusado de ser testa-de-ferro de PC Farias; de sonegação, irregularidades administrativas e financeiras e inadimplência. Mas a CPI da Vasp, em 1992, acusou apenas a já ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello por uso do cargo para influenciar decisões favoráveis à privatização da Vasp.

A empresa tem prejuízo desde os anos 90. No fim da década, a frota, comprada nos anos 70, começou a sofrer panes. No ano passado, Canhedo chegou a ficar preso quase 32 horas por inadimplência com o INSS.

Em outubro, o governo deu à Vasp um prazo de seis meses para se reestruturar, renovando sua concessão até 10 de abril deste ano. No ano passado, devido à dívida da empresa com a Infraero (R$ 777 milhões), o órgão passou a cobrar o pagamento diário das tarifas de pouso ou decolagem.