Título: Síria, o vizinho do Iraque que poderia ajudar brasileiro
Autor: Michael Guedes e Alessandro Soler
Fonte: O Globo, 27/01/2005, O Mundo, p. 30

Em seu telefonema para o presidente da Síria, Bashar al-Assad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou apoio de um país que, além de ligações históricas e políticas com o Iraque, é acusado de permitir ou fazer vista grossa à presença de organizações extremistas em seu território. Estas, por sua vez, poderiam estar usando a vasta fronteira entre os dois países como porta de entrada para terroristas e guerrilheiros no Iraque.

Assad herdou em julho de 2000 a presidência ditatorial de seu pai, Hafez al-Assad, que por mais de 30 anos governou a Síria com mão-de-ferro. Ainda como um jovem oficial, Hafez participou da tomada do poder sírio pelo Partido Ba¿ath, em 1961. Em 1966, ano da separação do Ba¿ath sírio do iraquiano, ele se tornou o governante de fato do país, assumindo a presidência em 1971. A proximidade geográfica e o processo de secularização do país aproximaram a Síria e o Iraque de Saddam Hussein, controlado pela versão iraquiana do Ba¿ath.

Durante o primeiro ano da ocupação americana do Iraque, o Pentágono chegou a acusar a Síria de estar colaborando com os rebeldes, mas contatos minimizaram as discordâncias. O governo de Israel, no entanto, continua acusando a Síria de abrigar líderes do grupo terroristas Hamas.

A Jordânia, que também tem grande fronteira com o Iraque, é considerada outro caminho de entrada de terroristas no Iraque. O governo do rei Abdullah II, porém, é um dos maiores aliados dos EUA na região.