Título: CRESCE RACHADURA NO ATERRO DE PONTE QUE RUIU
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Fonte: O Globo, 28/01/2005, O País, p. 8

Aumentaram ontem as rachaduras no aterro entre as pontes sobre a represa Capivari-Cachoeira, na Rodovia Régis Bittencourt, principal ligação entre São Paulo e o Sul do país. Na noite de terça-feira, uma das pontes ruiu, deixando um vão de 70 metros entre a cabeceira e a primeira linha dos pilares. O Departamento de Infra-Estrutura nos Transportes (Dnit) negou, no entanto, que haja risco de novos desmoronamentos e decidiu manter o tráfego em duas mãos na ponte que antes operava apenas no sentido sul.

Após vistoriar o local, o diretor-geral do Dnit, Alexandre Silveira, decretou situação de emergência e disse que as obras de reconstrução devem começar no fim de semana. Segundo ele, o desmoronamento foi uma fatalidade e não conseqüência da falta de manutenção.

Mesmo depois de constatar que o solo cedeu quase um metro em direção à represa, na cabeceira da ponte, o coordenador do Dnit no Paraná, Rosalvo Gizzi, afirmou que não há motivo de preocupação.

¿ Isso não importa mais, porque a ponte já está interditada.

Motorista morto na queda da ponte é enterrado

O corpo do motorista, Zonardi do Nascimento, de 63 anos, morto no desmoronamento, foi enterrado em Morretes, litoral do Paraná. O filho do motorista, Zonardi do Nascimento Filho, disse que a família vai entrar na Justiça contra o Dnit. Ele também é caminhoneiro.

¿ Faz tempo que os caminhões passam pelo canto na cabeceira, porque já tinha um buraco enorme no fim da ponte ¿ contou o rapaz.

O pai de Zonardi dirigia um dos dois caminhões que passavam pela ponte no momento do desmoronamento. O caminhoneiro Eduardo Egídio dos Santos, que dirigia a outra carreta, conseguiu escapar com a mulher e o filho ao acelerar o veículo. Eles estão internados em Curitiba, fora de perigo.

O Ministério dos Transportes fora alertado sobre o risco de desabamento. O deputado estadual José Domingos Scarpellini (PSB-PR) enviou um ofício ao governo federal em 13 de janeiro, denunciando que a cabeceira estava afundando. A resposta, um despacho do ministro Alfredo Nascimento, repassando o documento ao Dnit, chegou à Assembléia Legislativa do Paraná horas após a queda da ponte.

O Dnit informou que o alerta não poderia ter evitado o acidente, já que o desmoronamento foi conseqüência exclusivamente da chuva forte.