Título: Vídeo mostra morte de secretário do premier
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Fonte: O Globo, 28/01/2005, O Mundo, p. 29
Em violenta campanha contra as eleições iraquianas, domingo que vem, rebeldes mataram ontem 19 iraquianos e um fuzileiro naval americano em diversos ataques, detonaram bombas em postos de votação e divulgaram um vídeo com imagens da execução de um secretário do primeiro-ministro Iyad Allawi, Salem Jaafar al-Kanani.
O vídeo do grupo do líder terrorista Abu Musab al-Zarqawi mostra Kanani falando diante da câmera:
¿ Faço uma advertência a todo os iraquianos, principalmente aos jovens, para que não recuem ou cooperem com o inimigo ocupante.
Ele diz ainda que trabalhava como organizador da eleição para o Acordo Nacional Iraquiano, partido de Allawi. Em seguida, é visto deitado, recebendo vários tiros. Um texto no vídeo diz que a Organização al-Qaeda da Guerra Santa no Iraque cumpria ¿a sentença de Alá¿.
Na internet, o grupo extremista Exército de Ansar al-Sunna divulgou uma ¿advertência final¿ aos iraquianos para que fiquem longe das urnas. Afirmou que quem votar estará marcado para morrer, durante ou depois das eleições. Em Ramadi, rebeldes seqüestraram e executaram quatro membros da Guarda Nacional, para depois pôr sobre cada corpo notas advertindo que ninguém deve colaborar com as tropas americanas.
Num dos vários ataques de ontem, insurgentes pediram a funcionários de um prédio onde funcionaria um posto eleitoral, em Samarra, para desocupá-lo, para em seguida destruí-lo com uma explosão. Pelo menos outros cinco postos de votação foram alvos de explosões em cidades sunitas próximas.
Nas ruas, nenhum cartaz de campanha eleitoral
A situação em Samarra é tão tensa que funcionários do governo iraquiano estão se recusando a divulgar os postos de votação até o último minuto, numa tentativa de evitar que insurgentes os ataquem. A cidade é habitada por sunitas, minoria cujos líderes ameaçam matar quem votar. Nas ruas, não há um cartaz sequer da campanha eleitoral, mas muitos veículos militares americanos. Os candidatos não saem de casa e suas plataformas são desconhecidas.
Segundo a ONU, as eleições serão supervisionadas por 55 mil observadores. Os poucos observadores estrangeiros se mantêm discretos, temendo serem seqüestrados. Para iraquianos exilados, a votação começou ontem.