Título: RICOS E POBRES, UM MESMO DRAMA
Autor:
Fonte: O Globo, 30/01/2005, O País, p. 3
A faxineira Maria Brandina de Deus Vindo ganha R$700 por mês de aposentadoria e mora num barraco alugado na periferia de Ceilândia, cidade-satélite a cerca de 25 quilômetros de Brasília. Aos 53 anos, aposentada por invalidez, ela enfrenta o mesmo problema que o empresário Frederico Rocha, de 52 anos: a obesidade, problema que cada vez mais atinge ricos e pobres no Brasil e no mundo.
Com 1,60 m de altura e 85 quilos, Maria Brandina, a Áurea, como é chamada, conhece bem os males que o excesso de peso pode causar. Áurea é diabética, hipertensa e tem o colesterol acima do tolerável. Diariamente toma cinco remédios e, por causa do diabetes desenvolvido há cerca de cinco anos, evita comer doces e massas.
- Tenho tendência a engordar e dificuldade para emagrecer. Por causa da hipertensão severa, meu coração aumentou de tamanho e agora não volta mais ao normal. Vivo com a ajuda de Deus - diz ela, que foi aposentada por invalidez e, além da obesidade, é fumante.
Já o empresário está decidido a fazer uma cirurgia de redução de estômago, mas ainda não criou coragem. Com 135 quilos espalhados por 1,80 m de altura, ele preside a Associação Brasileira de Agências de Viagens do Distrito Federal e garante que o turismo pode dar sossego aos outros, não aos empresários do setor.
- Como tudo que gordo gosta, tomo muito chope. O estresse engorda - diz Frederico Rocha.
Ele e um grupo de amigos do Distrito Federal vão viajar de moto até Santiago do Chile, em março. Na turma de motoqueiros estão dois ex-obesos que fizeram a cirurgia de redução de estômago e tentam convencer o colega a seguir o mesmo caminho:
- Minha vida melhorou mil por cento - diz o juiz Samuel Rubem Zoldan Uchôa, de 55 anos, que viu diminuir também seus problemas de hipertensão.
Com 1,70 metro, Uchôa não esconde a alegria de pesar 78 quilos, resultado de um emagrecimento de 54 quilos - mais do que pesa a maioria das modelos no mundo da moda. Há três anos ele carregava 132 quilos.