Título: EM ALAGOAS, CANA DÁ LUCRO A PEQUENOS
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 30/01/2005, Economia, p. 38

No interior de Alagoas, na região do município de Coruripe, um grupo de pequenos produtores rurais está pegando carona no avanço do álcool brasileiro e já exporta para o Japão. A Cooperativa Pindorama, formada por 1.160 proprietários de terra, derrubou a máxima de que cana-de-açúcar é cultivo para latifúndios e, este ano, vai obter 70% de seu faturamento do açúcar e do álcool.

Criada há 49 anos para o cultivo de frutas e a fabricação e comercialização de sucos, a Pindorama construiu no ano passado a primeira usina de açúcar cooperativada do mundo. A fabricação de álcool remonta a 1981, mas foi só na safra deste ano que o grupo fechou seu primeiro contrato de exportação: 4,5 milhões de litros, dos 35 milhões a serem produzidos pela Pindorama, serão exportados para o Japão por um pool de comercialização de Alagoas. Outros produtores do estado vão vender para a Índia.

A cooperativa, que teve um faturamento de R$52 milhões em 2004, este ano deve chegar a R$70 milhões, dos quais 40% virão do álcool e 30%, do açúcar. Além de frutas e sucos, produz laticínios e derivados de coco.

¿ A cana-de-açúcar é mais fácil de cultivar e negociar ¿ explica Klécio José dos Santos, diretor-presidente da cooperativa. ¿ Dizem que cana não é coisa para pequeno. Mas, no caso da Pindorama, açúcar e álcool são o nosso sustento ¿ completa.

Cerca de 27 mil pessoas vivem da renda gerada pela Pindorama, que emprega 12 mil trabalhadores, diz Santos.

¿ Em pleno Nordeste, num dos estados com maior desigualdade de renda do país, superando toda a pressão do latifúndio, mostramos que a agricultura familiar competitiva é viável ¿ comemora.