Título: Cúpula despreza denúncia no caso Lubeca
Autor: Flávio Freire, Ricardo Galhardo, Jorge Henrique Co
Fonte: O Globo, 01/02/2005, O País, p. 3
A importância do reaparecimento do caso Lubeca, que em 1989 envolveu em denúncias de corrupção a empresa pertencente ao grupo Moinho Paulista, a Prefeitura de São Paulo e o atual candidato do PT à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (na época, vice-prefeito e secretário de Negócios Jurídicos), foi minimizada ontem por líderes do PT. Eles disseram considerar requentadas as notícias sobre o caso, publicadas ontem pela ¿Folha de S.Paulo¿.
O jornal paulista divulgou trechos inéditos de uma conversa entre os advogados Eduardo Pizarro Carnelós (assessor jurídico de Greenhalgh na Prefeitura de São Paulo) e José Firmino Ferraz Filho, que aponta Greenhalgh como responsável por ter ¿plantado¿ um intermediário na empresa Lubeca.
O objetivo seria o de arrecadar dinheiro para a campanha presidencial do então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Lubeca tinha um imenso projeto urbanístico (avaliado em US$ 600 milhões) sendo analisado por uma comissão da prefeitura paulistana, justamente na Secretaria dos Negócios Jurídicos de Greenhalgh.
Para Greenhalgh, o caso está ¿absolutamente¿ encerrado e em nada afetará sua eleição no Congresso Nacional.
¿ Minha curiosidade é saber a quem interessa isso tudo. A maior demonstração de que minha candidatura (à presidência da Câmara) é forte é o reaparecimento dessa história agora. Se eu fosse fraco, não teria nada. Ninguém chuta cachorro morto ¿ disse Greenhalgh.
O deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), presidente da comissão montada pela prefeitura paulistana em 1989 para apurar o caso, também disse suspeitar de uma possível motivação política. Para ele, não há qualquer fato novo que justifique a retomada de uma investigação.
¿ É um cadáver que ressuscita nesse momento, mas do ponto de vista jurídico está completamente superado. O caso foi arquivado no Supremo Tribunal Federal (STF) por falta de provas. Só há agora a possibilidade de exploração política do assunto, não criminal ou jurídica. Há um claro interesse em tumultuar o processo eleitoral em Brasília mas não vai conseguir.
¿Não vou comentar a exumação de uma notícia de 15 anos atrás¿
Já o presidente do PT, José Genoino, não quis comentar o caso.
¿ Não vou comentar a exumação de uma notícia de 15 anos atrás. Essa história agora não faz o menor sentido. ¿ afirmou.
O advogado Carnelós afirmou ontem que fez as gravações na época para se proteger de eventuais denúncias contra ele e afirmou que não é responsável pelo ressurgimento do caso.
¿ Fiz o que tinha que fazer na época e não me arrependo de nada. Não fui eu quem retomou essa história, não tenho nada a ver com isso e não quero comentar o assunto ¿ afirmou Carnelós.