Título: Saneamento representa 80% do programa
Autor: Paulo Marqueiro e Tulio Brandão
Fonte: O Globo, 01/02/2005, Rio, p. 12

Embora tenha sido receitado pelo estado como a panacéia para a debilitada Baía de Guanabara, o chamado programa de despoluição, que completa dez anos depois de amanhã, é na verdade um grande projeto de saneamento. Cerca de 80% da fortuna de US$ 1,04 bilhão (R$ 2,8 bilhões) são destinados a obras de esgoto (construção de estações de tratamento e implantação de troncos e redes) e água (reservatórios, redes e ações no sistema Guandu).

O restante dos recursos foi reservado, sobretudo, para projetos na área de lixo, mapeamento digital e programas ambientais. Dez anos depois de iniciadas as obras, porém, o programa revela-se um fiasco em quase todas as frentes.

Como mostrou reportagem do GLOBO domingo, 15% da Baía de Guanabara ¿ uma área de 60 quilômetros quadrados ¿ já secaram devido ao descaso do Poder Público, incapaz de de conter o assoreamento que vai, aos poucos, enterrando a baía.

Depois de gastar R$ 2,3 bilhões (80% dos recursos), o estado trata apenas 25% de todo o esgoto despejado na baía. A meta era chegar a 58% em 1999.

As promessas de praias limpas também se desfizeram como castelos de areia. Das 53 existentes na baía, apenas quatro (oito por cento) foram consideradas próprias na avaliação anual da Feema em 2004, como mostrou reportagem do GLOBO publicada ontem.