Título: Lucros do Bradesco cresceram 32,7% em 2004, para o recorde de R$ 3,06 bi
Autor: Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 01/02/2005, Economia, p. 20

A incorporação de 1,2 milhão de novos correntistas e o aumento expressivo na concessão de financiamentos ajudaram o Bradesco a obter um lucro recorde em 2004. O maior banco privado brasileiro fechou o ano passado com ganhos líquidos de R$ 3,06 bilhões, 32,7% acima do lucro de 2003. A rentabilidade também cresceu, de 18,9% para 22%. O lucro acumulado do Bradesco nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva já soma R$ 5,366 bilhões.

¿ O ano foi extraordinário para o país e excelente para o Bradesco ¿ afirmou o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, ontem, ao apresentar os resultados de 2004.

O Bradesco foi o primeiro dos grandes bancos a divulgar seus resultados, que devem ser superados pelos do Itaú, que anuncia o balanço no próximo dia 22. Até setembro, o lucro líquido acumulado pelo Itaú alcançava R$ 2,745 bilhões, contra R$ 2 bilhões do Bradesco no mesmo período. Banespa/Santander, com R$ 1,25 bilhão, e Unibanco, com R$ 908 milhões, vinham em seguida.

No último trimestre de 2004, o Bradesco teve lucro líquido de R$ 1,058 bilhão, 40,7% acima dos R$ 715 milhões do mesmo período de 2003.

Segundo Cypriano, esses números ainda não refletem os acordos firmados com as Casas Bahia e quatro bancos de pequeno porte, para os quais o Bradesco passará a financiar operações de crédito com desconto em folha para trabalhadores e aposentados.

¿ Esses acordos só devem aparecer em nossos resultados a partir deste semestre ¿ afirmou Cypriano.

Crédito a grandes empresas teve queda de 6,9%

Responsável por 32% do lucro do banco no ano passado, a carteira de crédito do Bradesco atingiu R$ 62,788 bilhões em dezembro, alta de 15,6% em relação a 2003. Os financiamentos a pessoas físicas cresceram 35,9%, somando R$ 21,2 bilhões, e os empréstimos a médias, pequenas e microempresas aumentaram 32,6%, para R$ 18,7 bilhões.

A nota destoante ficou com o segmento de grandes empresas, cuja carteira caiu 6,9%: de R$ 24,6 bilhões em 2003 para R$ 22,9 bilhões. Isso ocorreu porque, para fugir dos juros, as grandes empresas optaram por buscar recursos no exterior ou emitir papéis no mercado de capitais.

¿ Esperamos um aumento entre 20% e 23% nas operações de crédito este ano, com alta de 8% no segmento corporativo ¿ disse Cypriano, que espera um crescimento de 3,5% do PIB este ano.

O banco conseguiu reduzir os índices de inadimplência em seus financiamentos, que caíram de 4,8% da carteira em 2003 para 3,9% ano passado.

Além dos novos correntistas, o Bradesco conquistou ainda 1,3 milhões de clientes no banco postal e 2,3 milhões em contas de poupança. Esse acréscimo de quase cinco milhões de clientes, segundo Cypriano, aumentou os ganhos com serviços e tarifas, que responderam por 26% dos lucros ano passado, contra 24% em 2003.