Título: Vasp: passageiros não obtêm endosso
Autor: Mariana Sallowicz* e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 01/02/2005, Economia, p. 20
Os passageiros da Vasp continuam enfrentando dificuldades para embarcar. Desde sábado, Varig, TAM e Gol anunciaram que aceitariam os bilhetes da Vasp. Na prática, o procedimento só teve início ontem e, mesmo assim, muito lentamente. Para conseguir embarcar, o passageiro deve ir ao aeroporto no horário de seu vôo, aguardar o atendimento do gerente da Vasp ¿ que muitas vezes não aparece para trabalhar ¿ para fazer o endosso da passagem. Depois, é preciso torcer para que haja uma vaga nas outras companhias.
A comerciante Cristiane Laturulla, de 38 anos, tem duas passagens da Vasp e tenta embarcar seu filho e sobrinha desde o começo do mês ¿ quando a companhia ainda estava em operação. Ela já teve dois vôos cancelados pela companhia e ontem foi aos aeroportos de Congonhas e Cumbica tentar fazer o endosso das passagens. Mais uma vez, sem sucesso. Todos os vôos para Recife, seu destino, estavam lotados. Amanhã, ela volta ao aeroporto para tentar mais uma vez:
¿ É realmente estressante ter que vir até aqui sem saber se vou conseguir embarcá-los ¿ queixa-se.
Cada empresa adotou regras próprias para aceitar os passageiros da Vasp. A mais rigorosa é a Varig. A companhia só aceita os bilhetes emitidos até 26 de janeiro e limitou em cinco o número de passageiros da Vasp por vôo. Além disso, o cliente só conseguirá embarcar se não houver passageiro da Varig na lista de espera. A burocracia também retarda o embarque: é necessário carimbo e assinatura do gerente da Vasp no aeroporto. A Gol e TAM, também exigem o carimbo e a assinatura.
A Gol, no entanto, não aceita bilhetes comprados em promoção. Já a TAM apenas as passagens emitidas até o último dia 28. Ontem, em Cumbica, até às 18h, foram feitos apenas três endossos.
A Vasp diz que ainda não recebeu das empresas um documento formal de que aceitam o endosso dos bilhetes e só soube da decisão pela imprensa. Por meio de sua assessoria, a Vasp informou que os funcionários que não comparecerem ao trabalho terão faltas registradas. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, disse ontem que esses profissionais não estão trabalhando por falta de condições para arcar com os custos de transporte e alimentação.