Título: Tesouro faz captação externa de US$ 1,25 bilhão
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 01/02/2005, Economia, p. 21

O Tesouro Nacional voltou ontem a captar recursos no mercado internacional. Desta vez, o governo brasileiro emitiu bônus de US$ 1,25 bilhão. O papel terá prazo de 20 anos, com vencimento em 2025, e o rendimento aos investidores será de 8,9% ao ano. A emissão foi coordenada pelos bancos Deutsche Bank e UBS Limited. Foi a maior operação desde janeiro do ano passado, quando o governo captou US$ 1,5 bilhão, com vencimento em janeiro de 2030.

Segundo informações do mercado financeiro, a demanda pelos papéis foi forte, superando US$ 4 bilhões. Já a oferta inicial do governo brasileiro era de US$ 1 bilhão. Como o governo não fechou os números totais da captação, não foi possível saber a taxa de retorno para os investidores que compraram o papel e a sua distribuição (quem comprou).

A agência de classificação de risco Fitch concedeu nota ¿BB-¿ para a emissão brasileira, considerado especulativo. A nota está três níveis abaixo do chamado ¿grau de investimento¿, que indica aplicações de baixo risco. Esta foi a segunda captação do ano. A operação foi coordenada pelo Tesouro, que, este ano, passou a ser responsável pelos lançamentos de títulos públicos no exterior, no lugar do Banco Central. A primeira captação de 2005 foi de 500 milhões de euros (US$ 648 milhões), abaixo das expectativas do mercado.

A meta do Tesouro é captar mais US$ 3,872 bilhões este ano. Os recursos vão diretamente para as reservas internacionais e são usados unicamente no pagamento da dívida externa do governo. Esse dinheiro não é usado em gastos correntes ou investimentos públicos. Os pagamentos de dívida no exterior somam US$ 6,211 bilhões. Uma parcela de US$ 1,5 bilhão já foi antecipada com captações no segundo semestre de 2004.

Além dos recursos de captações externas, as reservas internacionais crescem com as operações de compras diárias do Banco Central. Em 2004, o governo adquiriu US$ 5,3 bilhões no mercado de câmbio para aumentar as reservas, que atingiram US$ 52,935 bilhões em dezembro. As compras do BC estão sendo possíveis graças ao fluxo favorável de dólares.

A nova captação do governo e o vencimento, ontem, de contratos de câmbio na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fizeram o dólar encerrar em queda de 1,40%, cotado a R$ 2,610 para venda. A cotação é a menor desde o dia 5 de junho de 2002 (R$ 2,609). Com isso, a moeda recuou 1,66% em janeiro ¿ o oitavo mês consecutivo de queda do dólar frente ao real.

Após uma pane no sistema eletrônico ¿ responsável por 90% das operações ¿ que o tirou do ar por quase duas horas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 1,60%. A causa do problema não foi informada.