Título: PALOCCI E MEIRELLES DEFENDEM POLÍTICA DE JUROS
Autor: Deborah Berlinck e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 29/01/2005, Economia - Fóruns Globais, p. 25

Ministro da Fazenda e presidente do BC dizem em Davos que controlar inflação é essencial

DAVOS, Suíça. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, defenderam vigorosamente ontem a política monetária, rebatendo a onda de críticas de que a taxa de juros do país está alta. Num debate no Fórum Econômico Mundial, o presidente do BC insistiu que a taxa, em relação ao passado, está caindo, e foi enfático: a solução é garantir estabilidade econômica no longo prazo e um ingrediente fundamental para isto é o controle da inflação.

- Não há dúvida que a taxa de juros no Brasil ainda está alta. Mas trabalhamos para, no longo prazo, ela poder baixar. O caminho para isso é a consolidação da estabilização - afirmou Meirelles.

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Palocci se dirigiu aos que dizem que o Brasil não vai crescer mais, se mantiver a atual taxa de juros:

- O que aborta o crescimento é inflação. Não é o controle da inflação. Estou muito seguro disso. Se queremos garantir o crescimento de longo prazo, temos que fazer um combate efetivo e permanente contra a inflação. Sem isso, não há qualquer condição de projeção de crescimento de longo prazo.

Palocci acrescentou que fazer ajustes duros faz parte do processo:

- Fundamental para o progresso econômico é garantir ao trabalhador um ganho social. Não há nada mais importante para a renda da família e do trabalhador do que o controle da inflação. Muitos que dizem que não crescemos com esta política monetária disseram isso no ano passado, mas os números não confirmaram suas previsões.

No debate sobre o Brasil no Fórum Econômico Mundial, Felipe Larraín Bascunan, da Universidade Católica do Chile, disse a Meirelles que o Brasil não pode crescer mais de 5% com o atual nível de juros.

Mas o economista John Williamson, pai do chamado consenso de Washington (conjunto de regras de política econômica criticadas por excesso de liberalismo) defendeu Meirelles, dizendo que é fundamental o combate à inflação num país, como o Brasil, que tem histórico ruim neste campo. Para Williamson, se, no longo prazo, o Brasil tem que baixar os juros, agora não é o momento.

Williamson, entretanto, se mostrou preocupado com um risco de valorização do real. Mas Meirelles minimizou a questão, dizendo que, com câmbio flutuante no Brasil, liquidez dos mercados, moeda sólida e superávit de conta corrente, uma crise cambial no país é uma hipótese extremamente difícil e remota.

Palocci também desmentiu informações de que haverá troca de três diretores do BC:

- São boatos.

Já o Ministro da Casa Civil, José Dirceu, anunciou que em 2006 estarão funcionando as primeiras obras resultantes das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Segundo ele, na próxima semana o presidente Lula assinará decretos de regulamentação do órgão que administrará as PPPs.