Título: EMBAIXADOR SEGUE PARA DAMASCO
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 29/01/2005, O Mundo, p. 30

AMÃ e BRASÍLIA O embaixador Affonso Celso de Ouro-Preto, enviado pelo governo ao Oriente Médio para tentar negociar a libertação de João José Vasconcellos Júnior no Iraque, viaja este fim de semana para Damasco. Na capital síria, tentará fazer contatos que levem ao brasileiro seqüestrado. O Itamaraty considerou positivos os resultados de sua gestões em Amã, onde ele chegou quinta-feira. O presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi o primeiro líder da região a quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu.

Por causa das eleições iraquianas de amanhã, será difícil obter informações sobre estrangeiros seqüestrados no Iraque neste momento, disse ontem ao GLOBO, por telefone, de Bagdá, o xeque Adnan Al-Ani, do Comitê de Ulemás, que reúne influentes líderes sunitas e se opõe às eleições.

- A situação aqui é perigosa. Por motivos de segurança, não podemos circular livremente. Conseguir qualquer informação ou fazer qualquer gestão será muito difícil, pelo menos até terminar a votação - afirmou o xeque.

Um dos nomes aos quais o Itamaraty pretende recorrer para tentar libertar Vasconcellos, Ani disse que seu grupo não tem "relações ou contatos com os grupos responsáveis pelos seqüestros no Iraque" mas se dispõe "a dar toda a ajuda ao Brasil, se o governo brasileiro quiser".

- Já ajudamos outros países, fazendo apelos aos seqüestradores para que libertem os reféns, porque consideramos que são pessoas inocentes, que não estão aqui para prejudicar o Iraque e não fazem parte da ocupação americana - afirmou.

No Iraque, o seqüestro virou uma atividade lucrativa. Canon Andrew White, representante especial do Arcebispado de Canterbury (Inglaterra) no Oriente Médio que já participou de esforços para libertar dezenas dos reféns no Iraque, afirmou que nem sempre é fácil identificar os grupos por trás desses crimes. Geralmente, querem dinheiro, disse.