Título: FUNDO PARA FINANCIAR PROJETOS NO MERCOSUL DEVE SAIR ATÉ SETEMBRO
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 02/02/2005, Economia, p. 24
Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, Eduardo Duhalde, disse que até setembro deverá ser formalizado o fundo com o objetivo de financiar a integração das políticas para o desenvolvimento dos países do Cone Sul. Segundo Duhalde, o fundo poderá ser usado, por exemplo, para o combate à febre aftosa, doença do gado que dificulta a comercialização da carne no exterior.
¿ O fundo serviria para a vacinação e também para qualificação de pessoal, mas, antes de pensar onde vamos gastar os recursos, precisamos criá-los ¿ disse Duhalde.
O ex-presidente da Argentina deixou a reunião com Lula otimista em relação às perspectivas de integração dos países sul-americanos. Ele minimizou as dificuldades para a implantação da Comunidade Sul-Americana de Nações. Duhalde deu como exemplo a União Européia, que está avançando embora os países da região tenham grandes diferenças econômicas, religiosas e de idioma. Duhalde citou as ¿poderosas¿ Alemanha e França e o ¿pequeno¿ Luxemburgo como exemplos de diferenças que podem ser superadas.
Duhalde já se reuniu com Lula e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e se encontrará com o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, para discutir o novo fundo. Ele disse que até março vai conversar com os chefes de Estado sul-americanos para discutir a criação da Comunidade, que vai integrar dez países de língua espanhola e portuguesa, mais Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Para Duhalde, este ano a integração sul-americana terá um grande impulso:
¿ As diferenças existem. Algumas vezes elas não poderão ser superadas; em outras, os países desenvolvidos terão de apoiar os menos desenvolvidos.
Duhalde disse ainda que está preparando a agenda de implantação da Comunidade e espera concluir as reuniões preparatórias até março. Ele não quis comentar os problemas entre Brasil e Argentina, mas criticou os subsídios agrícolas da União Européia e dos Estados Unidos, e a atuação do governo americano no conflito entre Venezuela e Colômbia.