Título: GOVERNO CRIARÁ FORÇA-TAREFA PARA CONFLITOS FUNDIÁRIOS
Autor: Ismael Machado
Fonte: O Globo, 03/02/2005, O País, p. 11

O secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, disse ontem em Rondon do Pará que será criada uma força-tarefa encarregada de fazer um levantamento completo da situação fundiária do sul e sudeste do Pará, palco dos principais conflitos por posse da terra no estado. A ação, segundo Nilmário, ajudará a coibir a violência.

Nilmário participou de uma audiência pública com autoridades do governo federal e representantes de entidades que atuam na área rural. De fazendeiros e políticos ouviu protestos em relação à violência na região denunciada pelo GLOBO em 16 de janeiro. Políticos e proprietários de terra contestam a suposta ilegalidade das terras no município.

De entidades ligadas à luta pela posse da terra, Nilmário ouviu um extenso relato de violência e prometeu atender às reivindicações. Uma delas é que o governo do Pará faça um levantamento de áreas para assentamentos, já que grande parte das terras ¿ tanto em Rondon do Pará como em Marabá ¿ está sob a tutela do estado e não da União. Cerca de 500 pessoas participaram da audiência.

¿ O clima ficou tenso ¿ afirmou Maria Joel Dias da Costa, sindicalista jurada de morte e a única que tem proteção policial entre os ameaçados na cidade.

¿ As promessas foram muito boas. Agora precisam ser cumpridas. Nós faremos um monitoramento constante em relação aos compromissos assumidos pelo governo ¿ disse Darci Trigo, coordenador da Terra de Direitos, uma das entidades que assinaram a denúncia à OEA.

Em Rondon, grileiros de grandes áreas rurais são acusados de mandar matar, escravizar, cometer crimes ambientais, sem que sejam punidos. A posição do governo federal é a de reprimir os crimes fundiários e evitar que haja uma ¿terra sem lei¿.

Outra preocupação de Nilmário é em relação ao trabalho escravo. No ano passado, o Pará foi o estado em que mais se registrou casos de trabalhadores nessa situação. Foram 908 trabalhadores libertados em 47 fazendas.