Título: SAGUÃO DE HOSPITAL VIVE CENAS DE CAOS
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Fonte: O Globo, 03/02/2005, O Mundo, p. 33

Poucas horas depois do anúncio de que o Papa João Paulo II estava internado, centenas de jornalistas, católicos, turistas e simples curiosos lotaram as redondezas da Policlínica Gemelli, na periferia de Roma. A pequena praça em frente ao hospital se tornou um estacionamento de dezenas de caminhões de canais de TV com antenas para transmissão via satélite.

Logo ao amanhecer, o saguão do hospital já vivia cenas de caos. Centenas de jornalistas procuravam saber notícias sobre a saúde do Papa, e a irritação deles aumentou quando um prometido comunicado médico não foi apresentado na hora anunciada. Policiais foram convocados e empurravam os repórteres.

Na metade da manhã, pacientes do Gemelli vestidos com camisolas hospitalares se misturavam aos jornalistas. Foi em meio a esta situação que o porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Valls, cruzou o saguão pela primeira vez. Porém, os jornalistas, pacientes e curiosos ainda teriam que esperar mais uma hora para a divulgação de um comunicado oficial.

No lado de fora, centenas de fiéis já estavam reunidos, grande parte deles, presumindo o pior, choravam e rezavam. Pacientes do hospital se juntaram a eles. Um grupo de 70 australianos cantou ao som de violões.

Reações emocionadas também foram vistas na Praça e na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Durante a missa, que deveria ter sido oficiada pelo Papa, o clima era de preocupação.

- O Santo Padre agradece a vocês pelo afeto e pelas orações. Ele está presente aqui através da oração e envia sua bênção - disse o bispo que celebrou a missa.

Cenas de católicos rezando pela recuperação do Papa se repetiram em todo o mundo, com missas especiais convocadas em locais tão distantes como Roma, Filipinas, Honduras e Nigéria. A reação foi particularmente forte na Polônia, país natal de João Paulo II e um dos mais católicos do mundo, onde vigílias levaram milhares de pessoas às igrejas.

O Vaticano recebeu mensagens de todo o mundo, entre elas do primeiro-ministro da Polônia, Marek Belka, e do presidente dos EUA, George W. Bush.