Título: Aço: indústria alerta para novo reajuste
Autor: Valderez Caetano
Fonte: O Globo, 04/02/2005, Economia, p. 23

Mais de dez entidades de peso da indústria nacional enviaram ontem aos ministros do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e da Fazenda, Antonio Palocci, documento alertando para o risco de alta generalizada dos preços dos itens que produzem, como conseqüência do crescente aumento do preço do aço. Sem apresentar sugestões, eles querem que o governo dê solução para o problema.

Segundo o documento, o preço do aço subiu 148% entre janeiro de 2002 e dezembro do ano passado, com grande impacto no custo de peças, componentes, veículos, motos, eletroeletrônicos, aparelhos de ar-condicionado e outros.

O aço, dizem os empresários, participa com 17% do custo médio de produção dos setores signatários do documento. Eles advertem que as pressões de custos terão que ser repassadas ao consumidor, o que pode levar à nova alta dos juros básicos do país (a Selic, hoje em 18,25% ao ano).

¿ A maioria dos pedidos de máquinas é de longa duração e os fabricantes têm sido surpreendidos com aumentos de preços do produto no decorrer da produção encomendada. Esta situação tem punido duramente o fabricante de equipamentos ¿ desabafou o presidente da Associação Brasileira de Máquinas (Abimaq), Newton Mello, que também subscreveu o documento enviado aos ministros.

Minério de ferro mais caro também preocupa

Os empresários pedem absoluta prioridade para a escalada do aço, alertando ainda que a elevação dos preços compromete a competitividade de setores da indústria, que segundo eles vêm sustentando o reaquecimento econômico e a expansão do emprego formal. As entidades também demonstraram preocupação em relação ao impacto que os recentes anúncios de aumentos no minério de ferro, de até 90%, podem provocar no preço do aço. A estimativa feita por especialistas e o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) indicam impacto de até 15%.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), defende instrumentos tradicionais como aproximação e diálogo do governo com os setores que estão aumentando os preços. Além disso, Mercadante defende a redução da alíquota de importação no caso de produtos de menor concorrência. Ele lembrou que, no passado, os governos já obtiveram sucesso com negociações setoriais. Mas admite que, no caso do aço, é difícil a solução a curto prazo.