Título: Brasil faz nova concessão à Argentina
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 04/02/2005, Economia, p. 24

Mais uma vez, o Brasil aceitou limitar suas exportações para a Argentina. Ontem, empresários brasileiros e argentinos fecharam um acordo pelo qual o Brasil reduzirá suas exportações de televisores fabricados na Zona Franca de Manaus para o país vizinho. Segundo confirmaram negociadores de ambos os países, a cota estabelecida para este ano foi de cem mil unidades, bem abaixo das quase 200 mil unidades exportadas em 2004. Assim, os empresários brasileiros não poderão controlar mais do que 8,3% do mercado argentino. Em 2006, o percentual subirá para 9%, e em 2007, para 10%.

Em meados do ano passado, o governo Néstor Kirchner impôs uma sobretaxa de 21,5% às importações de televisores fabricados na Zona Franca de Manaus. Paralelamente, foi iniciada uma investigação para determinar se, de fato, os produtos brasileiros estavam prejudicando a indústria nacional. O prazo de vigência da medida termina no próximo dia 5 de fevereiro. Por isso, nos últimos dois dias, empresários e técnicos da Argentina e do Brasil participaram de uma frenética negociação para tentar chegar a um entendimento.

¿ Este foi o único acordo possível ¿ admitiu uma fonte argentina.

Segundo fontes da Secretaria da Indústria argentina, caso o Brasil supere a cota estabelecida no acordo será aplicada uma sobretaxa aos produtos do país. Essa informação, no entanto, não foi confirmada pelos negociadores da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que ontem não quiseram comentar o entendimento.

Em 2004, a Argentina aplicou restrições às importações de máquinas de lavar brasileiras, que continuam vigentes, e foram selados acordos entre empresários dos dois países para limitar as vendas de fogões e geladeiras. O ministro da Economia argentino, Roberto Lavagna, afirmou recentemente que as negociações entre os dois governos para equilibrar o comércio bilateral ainda não atingiram um resultado satisfatório. Lavagna quer incorporar ao Mercosul mecanismos para evitar que o Brasil continue elevando seu superávit comercial com a Argentina e, sobretudo, para garantir um maior fluxo de investimentos em seu país.