Título: Brasil quer ajudar a formar preço de álcool
Autor: Valderez Caetano
Fonte: O Globo, 04/02/2005, Economia, p. 24

A perspectiva de o Brasil ocupar um lugar de ponta no comércio internacional do álcool combustível ¿ e até mesmo de liderar o mercado mundial ¿ está levando o governo a criar um novo modelo regulatório para o setor. Segundo o diretor do Departamento de Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Angelo Bressan, a intenção é garantir uma produção constante e fazer com que o Brasil seja o formador da cotação internacional do álcool, que será uma commodity . Para isso, o governo está discutindo com o setor como será a fixação do preço do produto.

A idéia é fixar bandas máxima e mínima para o preço, de forma a não desestimular a produção e nem onerar o consumidor de carro a álcool. Uma outra preocupação do governo é criar condições para que a produção no país seja suficiente para suprir os mercados interno e externo. No ano passado, o país exportou 2,3 bilhões de litros ¿ dos 14,6 bilhões de litros produzidos ¿ para mercados como Suécia, União Européia, Ásia e EUA. Segundo o governo, a demanda não pára de crescer: as necessidades de importação do Japão, por exemplo, chegam a 1,8 bilhão de litros por ano.

Banco japonês vai dar financiamento ao setor

Ontem, o Brasil ganhou um aliado de peso para expandir sua presença internacional no setor. O Ministério da Agricultura assinou um acordo que pode abrir o caixa de US$ 100 bilhões do Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC) ao setor sucroalcooleiro do Brasil. Foi acertado o início de um estudo de viabilidade de financiamento ¿ que ficará pronto em dezembro ¿ e permitirá investimentos na expansão das áreas de plantio de cana-de-açúcar, na instalação de novas destilarias e em infra-estrutura de estocagem e transporte de etanol.

A intenção é permitir que o Brasil aumente sua produção de biocombustíveis, de forma a suprir a demanda por óleos vegetais do Japão ¿ que recentemente autorizou a mistura de até 3% de álcool à gasolina.