Título: Ministério da Previdência decreta liquidação do fundo de pensão da Vasp
Autor: Enio Vieira e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 10/02/2005, Economia, p. 22

A crise da Vasp levou ontem à liquidação extrajudicial do Aeros, fundo de pensão dos funcionários da empresa. Segundo o Ministério da Previdência Social, o fundo já estava sob intervenção por problemas financeiros, porque a Vasp não fazia, desde setembro de 2004, os depósitos nas contas dos 860 funcionários (300 aposentados) beneficiários.

O Aeros é o fundo dos empregados da Vasp, sem qualquer vinculação com o Aerus, que abriga os funcionários das demais empresas aéreas.

A partir de hoje, os técnicos da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) iniciam uma auditoria para mapear o real patrimônio do Aeros. Em seguida, será feita a venda de ativos (aplicações financeiras, imóveis etc.). A prioridade é o pagamento dos aposentados.

Pelas estatísticas do ministério, o patrimônio do Aeros é de apenas R$ 19,111 milhões, o que o coloca entre os fundos de pequeno porte. Entre os 342 fundos de pensão do país, o Aeros ocupa a 281 posição.

A situação da Vasp se agravou há 20 dias, com o cancelamento de vôos sob a alegação de que a ocupação dos assentos estava abaixo de 50%. Por causa desses cancelamentos, o Departamento de Aviação Civil (DAC) cassou as oitos rotas de vôos da empresa que, desde então, não está operando. Os 1.800 funcionários da Vasp entraram em greve após a cassação.

Sindicato: decisão piora a situação dos funcionários

A Vasp disse ontem que já tomou conhecimento do decreto publicado no Diário Oficial da União, mas se limitou a dizer que o Departamento Jurídico vai estudar o assunto. Para a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Graziella Baggio, o Ministério da Previdência foi precipitado:

¿ A decisão do governo só piora a situação dos empregados da companhia.

Segundo fontes ligadas à Vasp, a intervenção no Aeros foi marcada por uma sucessão de problemas, entre eles o empréstimo de R$ 200 milhões que teria sido autorizado pelo interventor Camilo Calazans, ex-presidente do Banco do Brasil. O crédito teria sido concedido ao presidente da Vasp, Wagner Canhedo, que acumulava o cargo de presidente do fundo de pensão. Ainda de acordo com fontes, a única garantia recebida por Calazans teria sido um cheque assinado por Isaura Canhedo, mulher de Wagner Canhedo.

Calazans acabou sendo afastado do cargo de interventor, que ocupou de 1995 a 1999, depois que uma comissão de inquérito descobriu o empréstimo. Ele foi impedido de exercer cargos no setor de previdência complementar.