Título: Aliados de Saddam serão julgados este ano
Autor: Rodrigo Rangel
Fonte: O Globo, 10/02/2005, O Mundo, p. 26

Funcionários do governo iraquiano informaram ontem que os esperados julgamentos dos assessores mais poderosos de Saddam Hussein vão começar na primavera iraquiana (outono, no Brasil). Pelo menos os julgamentos de dois de 11 réus serão televisionados para o Iraque e o exterior. Os promotores iraquianos pedirão pena de morte para os acusados dos piores crimes.

Um dos primeiros a serem julgados será um temido primo de Saddam, Ali Hassan al-Majid, conhecido como Ali Químico por seu papel no ataque com gás venenoso que matou milhares de curdos iraquianos no final da década de 80. O outro será Barzan al-Tikriti, meio-irmão de Saddam que foi chefe da polícia secreta. Ele teria coordenado o ataque a uma aldeia ao norte de Bagdá que matou a maior parte de seus habitantes masculinos, após uma tentativa de assassinato de Saddam, em 1982. Os réus serão julgados pelo Tribunal Especial Iraquiano, na fortificada Zona Verde, em Bagdá, e não por uma corte internacional.

Saddam, no entanto, provavelmente não será julgado até o fim deste ano, até que os casos de vários de seus assessores sejam concluídos.

Ontem, rebeldes mataram a tiros o jornalista iraquiano Abdul-Hussein Khazal, correspondente da emissora de TV al-Hurra ¿ um canal por satélite criado pelos EUA para competir com as emissoras árabes al-Jazeera e al-Arabiya. Khazal foi assassinado em sua casa, em Basra, 550 quilômetros ao sul de Bagdá. Um de seus filhos, de apenas 3 anos, também foi morto.

Ontem, a Embaixada do Brasil na Jordânia enviou um comunicado às TVs árabes e organizações iraquianas, na tentativa de convencer os seqüestradores a libertarem o engenheiro brasileiro capturado em 19 de janeiro, em Baiji. ¿Em nome da amizade existente entre o povo brasileiro e os povos árabes, enviamos um pedido forte e emocionado aos seqüestradores para que garantam, o quanto antes, a libertação de João José Vasconcellos Júnior¿, diz o comunicado. ¿O governo brasileiro se opôs à invasão do Iraque. Não enviou tropas nem tem a intenção de fazê-lo.¿