Título: CHINA CRIA IMUNIZANTE QUE IMPEDE A DISSEMINAÇÃO DA GRIPE DE AVES
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Fonte: O Globo, 08/02/2005, O Mundo, p. 18

Cientistas chineses desenvolveram uma vacina capaz de bloquear a infecção de aves e mamíferos com o vírus H5N1, impedindo sua temida disseminação, anunciou ontem reportagem publicada no "China Daily".

O vírus H5N1, da gripe de aves, matou pelo menos 45 pessoas na Ásia no ano passado. Somente no mês passado, foram registradas 13 mortes no Vietnã e autoridades da Organização Mundial de Saúde (OMS) alertaram para a possibilidade de uma pandemia de gripe que poderia matar milhares de pessoas em todo o mundo.

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, afirmou que estaria tomando "todas as medidas possíveis" para impedir uma epidemia da doença em seu país. Embora não tenha sido registrado qualquer surto da doença na China este ano, autoridades afirmaram que muitas províncias não estariam preparadas para lidar com uma epidemia.

Vacina é feita por manipulação genética

De acordo com o Ministério da Agricultura, a nova vacina poderia "interromper um elo na cadeia de transmissão". Usando uma técnica de manipulação genética, pesquisadores do Laboratório de Gripe Animal alteraram a seqüência do genoma do vírus para criar a nova vacina.

"Testes laboratoriais mostraram que a vacina permite que patos e gansos lutem contra o H5N1, a letal linhagem de gripe de aves, três semanas depois de vacinados", informa um comunicado do ministério. "A nova vacina garante pelo menos dez meses de proteção para galinhas - quatro meses mais do que a imunidade garantida pelas drogas preventivas atualmente em uso."

Testes mostraram que depois de receberem duas doses da vacina, patos e gansos produziam anticorpos contra o vírus. O país já disporia de grandes quantidades do novo imunizante e, de acordo com a agência estatal de notícias Xinhua, pretende administrar a vacina a aves que habitam os mais importantes lagos, rios e reservas do país.

A agência informa ainda que a vacina seria eficaz também em mamíferos, mas não afirma se testes já estariam sendo realizados visando seu uso em humanos. A maioria das pessoas que adoeceu foi infectada por meio do contato com aves doentes. Mas o maior medo dos especialistas é que o vírus sofra uma mutação que o torne transmissível entre humanos. Se isso ocorrer, dizem, a disseminação seria muito rápida.