Título: PETISTAS TROCAM FARPAS DURANTE DEBATE
Autor:
Fonte: O Globo, 11/02/2005, O País, p. 5

Os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG), que disputam a presidência da Câmara, trocaram farpas ontem, no primeiro debate público da campanha, na Rádio CBN, do qual também participou o deputado José Carlos Aleluia (BA), candidato do PFL. O momento mais tenso aconteceu quando os dois petistas mencionaram o apoio do secretário de Governo do Rio e presidente do PMDB fluminense, Anthony Garotinho, a Virgílio, que lançou sua candidatura à revelia do PT, fechado com Greenhalgh. Virgílio, que tem sido muito criticado pelos petistas por ter-se encontrado com Garotinho, quis saber se Greenhalgh também pedira apoio ao peemedebista.

Greenhalgh então criticou o colega por não reagir às críticas de Garotinho ao governo Lula e o acusou de estar se aliando a adversários do governo.

¿ Você não é o candidato do PT, é um petista candidato, você perdeu uma prévia para mim, você escreveu uma carta retirando sua candidatura, desejando-me boa sorte.

Virgílio cobrou de Greenhalgh respeito às regras vigentes e ao regimento que permite a candidatura avulsa:

¿ Sou candidato do PT, o cargo da Mesa é do partido pela proporcionalidade, mas a Mesa é da Casa, que pode escolher alguém do partido.Temos que nos habituar a respeitar as regras do jogo.

¿Estranhei a relação entre Virgílio e Garotinho¿

Greenhalgh disse que tem procurado pessoas de todos os partidos e que conversou em duas ocasiões com Garotinho. Disse que o peemedebista perguntou-lhe sobre a possibilidade de o governo federal honrar um compromisso assumido durante a votação do Orçamento com o Rio:

¿ O que eu estranhei, sinceramente, foi a relação que se estabeleceu entre você (Virgílio) e Garotinho. Nas conversas que tive com ele, e foram duas, em nenhum momento permiti que Garotinho dissesse que o governo Lula é inimigo número um do Rio, que o ministro José Dirceu é inimigo número dois do Rio. Jamais me associaria a Garotinho dando a ele palco para críticas ao governo Lula. Esse tipo de conduta não serve à construção da democracia.

Depois do debate, em entrevista à imprensa, Virgílio criticou Greenhalgh, afirmando que ele não respondeu se tinha ido a Garotinho resolver problemas de verba do Estado do Rio. E negou ter respaldado as declarações de Garotinho, com as quais não disse não concordar.

¿ Não sou responsável pelas declarações de quem me apóia ¿ afirmou Virgílio.

Só Aleluia disse ser contra o aumento de subsídios

Aleluia, que escapou das farpas dos colegas, foi o único a dizer claramente que é contra o aumento dos subsídios dos deputados para equipará-los aos de ministros do Supremo Tribunal Federal. Ao comentar o apoio de Garotinho, Aleluia foi irônico e afirmou que não procurou o ex-governador porque não gostaria de ter o apoio dele.

O pefelista disse que Garotinho representa o fisiologismo e o acusou de comprar votos de deputados para formar uma bancada oposicionista majoritária dentro do PMDB.

Em nota divulgada na tarde de ontem, Garotinho desmentiu Greenhalgh, afirmando que nunca pediu a interferência dele em questões do governo do Rio com o governo federal. Garotinho afirma que Greenhalgh telefonou-lhe para pedir apoio, sugerindo que poderia facilitar a liberação de recursos que estavam sendo negociados entre o Ministério da Fazenda e a Secretaria de Finanças do Rio. ¿Na ocasião, Garotinho afirmou que os votos do Rio não estavam à venda. E, embora respeitasse o passado de Greenhalgh e não tivesse nada contra ele, não poderia apoiá-lo, pois sua candidatura tem como padrinho o ministro José Dirceu ¿ que tem trabalhado contra todos os interesses do Rio de Janeiro¿.