Título: ABBAS DEMITE 20 DE SEUS CHEFES DE SEGURANÇA
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Fonte: O Globo, 11/02/2005, O Mundo, p. 26

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, demitiu ontem cerca de 20 integrantes das forças de segurança palestinas, horas depois de o grupo extremista islâmico Hamas ter disparado 50 foguetes e morteiros contra assentamentos judeus dentro da Faixa de Gaza e em território israelense próximo à região. A ação forte e imediata de Abbas parece ter minimizado a reação israelense aos ataques, que manteve negociações de paz com a ANP, apesar de responsabilizar o presidente palestino.

Medidas punitivas contra oficiais de segurança

Segundo especialistas, a reação moderada de Israel se deveu à rápida ação de Abbas. Poucas horas depois da primeira onda de ataques, o presidente demitiu 20 membros das forças de segurança.

Três deles estavam entre seus principais líderes: o general Abdel Razek al-Majaydeh, chefe da segurança pública de Cisjordânia e Gaza; Saeb al-Ajez, chefe da polícia nacional; e Omar Ashour, comandante das forças de segurança no sul da Faixa de Gaza.

- O presidente tomou medidas punitivas contra oficiais que não cumpriram suas responsabilidades, que levaram aos últimos acontecimentos em Gaza. Foram desdobramentos perigosos que violam a legitimidade da ANP - disse o secretário de Gabinete de Abbas, Hassan Abu Libdeh.

Segundo um comunicado divulgado ontem à tarde pela ANP, Abbas ordenou que "os chefes da segurança assumam sua responsabilidade de evitar qualquer violação nos acordos para proteger o interesse nacional," referindo-se à reunião com o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, realizada terça-feira na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh. No encontro, os dois acertaram um cessar-fogo e o fim de hostilidades. Abbas adiou de ontem para hoje uma visita à Faixa de Gaza, onde iria se encontrar com líderes do Hamas.

Uma reunião entre o ministro palestino Saeb Erekat e Dov Weisglass, assessor de Ariel Sharon, para discutir a libertação de prisioneiros palestinos que seria realizada hoje foi cancelada.

Porém, outros contatos para coordenação de forças de segurança e mesmo o convite de Sharon para que Abbas visite seu rancho no deserto de Neguev foram mantidos. O presidente de Israel, Moshe Katsav, responsabilizou Abbas pelos ataques de ontem, pois eles partiram de dentro da área palestina, mas disse que continua a acreditar no presidente da ANP.

Nas primeiras horas da manhã de ontem, o Hamas disparou 46 foguetes Qassam e morteiros em assentamentos judeus e em áreas israelenses próximas à fronteira, seguida horas mais tarde de mais quatro disparos. O ataque não causou qualquer vítima e vários foguetes caíram em setores administrados pela ANP.

Guerrilheiros invadem prisão e matam detentos

O maior número de foguetes (17) atingiu o assentamento de Neveh Dekalim, onde ocorreram alguns danos materiais.

Segundo o Hamas, o ataque foi uma vingança pela morte de um civil palestino na quarta-feira, próximo a um assentamento em Gaza, e não uma retomada de grandes ataques contra alvos israelenses. O Exército de Israel afirmou que, naquele dia, matou uma pessoa que tentava se infiltrar numa colônia.

Num segundo problema para Abbas, guerrilheiros, entre eles integrantes do Hamas, invadiram uma prisão em Gaza e mataram três detentos.