Título: CNT APONTOU 167 PONTOS CRÍTICOS NO PAÍS
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Fonte: O Globo, 12/02/2005, O País, p. 3

Um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), realizado ainda no fim do ano passado, antes do início da temporada de chuvas fortes, identificou a existência de 167 pontos críticos nas rodovias federais do país. Somente em Minas Gerais estão localizados 33 desses pontos. Os principais problemas detectados pela pesquisa realizada pela CNT são: 18 quedas de barreiras, 77 casos de erosão na pista, dez pontes caídas e 62 casos de proteção lateral das estradas destruídas. Os grandes buracos nas pistas são os problemas de maior incidência.

O presidente da CNT, Clésio Andrade, aponta a falta de investimento do governo federal como a causa principal dos problemas nas rodovias federais. Andrade afirmou que o Ministério do Transporte só age depois que o problema é criado.

- O governo, literalmente, só tapa os buracos. Investe muito pouco. É necessário, e urgente, que as estradas sejam restauradas.

Clésio Andrade disse que a vida útil da maior parte das estradas federais está vencida. Ele lembrou que boa parte das rodovias foi construída há várias décadas.

- As estradas são velhas e foram projetadas numa outra época, quando o fluxo de veículos era bem menor e a carga, o peso que circula em cima das rodovias, era bem inferior ao de hoje em dia - disse.

O presidente da CNT aponta como fonte de recurso para as obras de recuperação das estradas o dinheiro da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). O governo repassou aos estados, até agora, 25% do arrecadado com o imposto. Clésio Andrade defende que o total arrecadado com a Cide seja destinado à recuperação da estradas, como prevê a lei. A estimativa é que o governo arrecadou, até agora, R$9 bilhões com a Cide.

CNT: privatização das rodovias federais não é a solução

Para Andrade, a privatização das rodovias federais não é a solução do problema. Ele explicou que o país tem 60 mil quilômetros de rodovias federais e cinco mil quilômetros já foram privatizados. Segundo ele, a iniciativa privada se interessa apenas pela rodovia que tem movimento, na qual a empresa pode lucrar com os pedágios.

- Há apenas mais oito mil quilômetros viáveis comercialmente. Mas essa não é solução.

A pesquisa rodoviária da CNT foi realizada em 2004 e o relatório apresentado no final do ano. Em julho, a CNT volta a fazer novo levantamento para avaliar as condições desses 167 pontos críticos.

Os estados que apresentam mais pontos críticos, além de Minas, são Rio Grande do Sul (18 pontos), Bahia (15 pontos), Maranhão (14 pontos), Goiás (12 pontos), Ceará e Piauí (10 pontos cada), Amazonas (9 pontos) e Pernambuco ( 8 pontos).