Título: O CAMINHO DO DESCASO
Autor:
Fonte: O Globo, 12/02/2005, O País, p. 3

Um relatório do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes (Dnit) revela que 40% dos cerca de 48 mil quilômetros de rodovias federais do país estão em mau estado de conservação. Ao todo, estão em condições precárias 18,8 mil quilômetros de estradas no país. Essa extensão de estradas destruídas equivale a quatro vezes a distância entre Manaus e Porto Alegre. Segundo o Dnit, outros 14,2 mil quilômetros estão em estado regular. Só 30% do total podem ser considerados bons.

A situação é pior nos estados do Norte e Nordeste, onde em geral mais de 50% da malha rodoviária está em más condições. O governo informou que dispõe de R$2,5 bilhões no Orçamento de 2005 para começar a resolver os problemas nas estradas.

O relatório divulgado ontem pelo Dnit, vinculado ao Ministério dos Transportes, revela que as rodovias federais têm trechos destruídos, pontes interditadas, desabamentos, interdições na pista, restrições à velocidade e limite do tamanho de carga. O Dnit reconhece que as chuvas agravam o desgaste das estradas.

O levantamento do governo federal foi feito em 25 estados e mais o Distrito Federal. Proporcionalmente, Alagoas apresenta o pior resultado: 72,7% das rodovias federais que cortam o estado se encontram em má condição de conservação. Mas o trecho de rodovia federal em Alagoas é muito pequeno: tem apenas 740,6 quilômetros de extensão. Também em proporção, Tocantins tem as melhores estradas federais do país. No estado, 90% da malha estão em bom estado e 10%, em condição regular. Não haveria sequer um quilômetro de trecho mal conservado, segundo o Dnit.

No Rio, nem metade está em bom estado

O Rio apresenta resultados razoáveis, se comparado com as médias nacionais. Mesmo assim, menos da metade (49,7%) de seus cerca de dois mil quilômetros de trechos federais está em bom estado. No Rio, 25,7% estão em mau estado de conservação e 24,6% em condições apenas regulares. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê gastar R$76,5 milhões para melhorar as rodovias no Estado do Rio.

Minas Gerais, estado com a maior extensão de rodovias federais do país - 6,5 mil quilômetros - tem quase a metade de sua malha (47,1%) deteriorada. No estado, as chuvas do início do ano fizeram um estrago maior nas rodovias. Em Unaí, uma enchente alagou o município e o Dnit interditou três pontes. Em outros trechos, há interdições na pista, desvios, construção de variantes e quedas de barreiras. O governo informou que o Orçamento destina R$322 milhões para recuperação das estradas federais em Minas.

Entre os estados que contam com maiores extensões de rodovias federais, o Paraná é o que tem as mais bem conservadas. Dos quase três mil quilômetros, 72% estão em bom estado. Apenas 15,7% das rodovias federais no Paraná estão em mau estado de conservação. E foi justamente no estado que aconteceu um dos mais graves danos este ano. Na BR-116, divisa entre São Paulo e Curitiba, ocorreu o desabamento de dois vãos de uma ponte.

São Paulo não fica atrás, apesar de ter a metade da malha rodoviária do Paraná. Dos 1,4 mil quilômetros de rodovia federal, 71,6% estão em bom estado e 16,2 estão mal conservadas. As rodovias estaduais são bem conservadas e mantidas por pedágios.

Juntos, Goiás e o Distrito Federal detêm o menor trecho de rodovia federal. Apenas 233,7 quilômetros. Mesmo assim, têm um dos piores percentuais de estradas bem conservadas. Do total, 16,6% estão em bom estado. Metade do trecho, 50,9%, é regular. E 32,4% estão em condições péssimas.

Outro problema detectado pelo Dnit é o excesso de peso transportado por caminhões. Para liberar o tráfego nas rodovias, o governo federal está contratando empreiteiras, em caráter emergencial e sem licitação.