Título: REUNIÃO NÃO GARANTE VOTOS PARA GREENHALGH
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Fonte: O Globo, 12/02/2005, O País, p. 8

Os dez ministros que se reuniram ontem com líderes da base aliada, no café da manhã em que se discutiu a candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) a presidente da Câmara, frustraram quem esperava promessas de liberação de verbas para emendas parlamentares e mais atenção aos pedidos. Os líderes informaram que somente as pendências de emendas individuais dos deputados do PP chegam a R$78 milhões. Mesmo assim, no encontro, realizado na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), nenhum ministro se comprometeu a atender aos pleitos.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por exemplo, foi simpático e distribuiu sorrisos, mas nada falou. Mas o PT e o governo garantem que os ministros estarão em campo para mudar votos de deputados no fim de semana. O objetivo é garantir a vitória de Greenhalgh no primeiro turno.

Greenhalgh desabafa e diz que eleição não está ganha

Diante dos prognósticos e das dificuldades apresentadas, Greenhalgh fez um desabafo contundente, alertando que a eleição não está ganha e que há muito a fazer para atrair os votos destinados a Virgilio Guimarães (PT-MG) e Severino Cavalcanti (PP-PE). Cada líder falou do número de votos que sua bancada poderá dar ao candidato oficial do PT, ficando claro, então, que não se tem ainda os 257 necessários à vitória no primeiro turno.

O PMDB só garante de 30 a 40 votos dos 85 deputados; o PT, 85 dos 89; o PDT, dez de 16; o PP, no máximo 15 de 53, o PSB, dez de 18, o PTB, 25 de 50; o PL, no máximo 39 de 50, o PCdoB, oito de nove; e o PV, três de seis. A base ainda conta com 25 votos no PFL e PSDB. Os líderes concluíram que, se houver segundo turno, será entre Greenhalgh e Severino.

- É uma disputa muito dura e a eleição não está ganha. Há muito trabalho pela frente nestes três dias. Temos que procurar e convencer cada indeciso - disse Greenhalgh.

Apenas um ministro falou no encontro com líderes

Apenas o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, falou no café da manhã, decepcionando os presentes.

- É impossível resolver os problemas até segunda-feira. Os ministros entraram mudos e saíram calados. Ciro Gomes (Integração Nacional) e Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) saíram antes de começar. Palocci só tomou café e distribuiu sorrisos. Mas os ministros não têm muito o que fazer. Chegaram tarde - resumiu o líder do PP, José Janene (PR).

Após o café da manhã, João Paulo desabafou e disse que é missão partidária dos ministros ajudar na eleição de Greenhalgh para garantir a governabilidade. Uma das tarefas mais difíceis foi confiada a Roberto Rodrigues, da Agricultura, que teria ainda ontem à noite um encontro com os rebeldes da bancada ruralista, núcleo de maior resistência ao petista.

- Os ministros foram chamados a se envolver na campanha, mas ainda não compreenderam a importância da eleição de Greenhalgh para o governo. A maioria dos líderes reclamou da necessidade de um cronograma para liberação das emendas. Falta sensibilidade - disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).