Título: DÓLAR CAI A R$2,598, MAS SOBE APÓS LEILÃO DO BC
Autor: Paula Dias
Fonte: O Globo, 12/02/2005, Economia, p. 24

A forte entrada de recursos externos no país mais uma vez levou o dólar comercial a uma desvalorização. A moeda encerrou o dia em queda de 0,57%, cotado a R$2,604 para venda. Durante o dia, o dólar chegou a ser negociado a R$2,598, mas, logo depois, o Banco Central (BC) entrou no mercado comprando moeda a R$2,601, na última hora de negociação. Também por causa de um forte fluxo de recursos internacionais, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 0,96% e movimentou R$2,103 bilhões.

- Ninguém segura esse dólar. Quando a cotação sobe, tudo o que os grandes investidores enxergam é uma boa oportunidade para vender, o que aumenta a oferta da moeda - disse um operador de um banco estrangeiro.

Boa parte dos recursos que entram no país vem em busca dos altos juros. E a expectativa é de manutenção dos ingressos externos altos. Além do mercado à vista, o BC vem atuando no mercado futuro de contratos de câmbio, fazendo leilões semanais de contratos de swap cambial. Na prática, isso significa que a autoridade monetária é compradora de dólares no mercado futuro. O segundo e mais recente leilão ocorreu na quinta-feira, quando o BC vendeu 20 mil contratos, com os quais enxugou US$990 milhões do mercado e ajudou a puxar a cotação para cima até a manhã de ontem.

Bolsa de São Paulo tem pontuação inédita: 26.670

Também foi uma forte entrada de recursos externos que manteve a Bovespa em alta pelo sexto pregão consecutivo. O Índice Bovespa atingiu pontuação inédita de 26.670 pontos. Em seis dias consecutivos de alta, o índice subiu 10,4%. Operadores afirmam que a presença de investidores estrangeiros é determinante para o resultado. Assim como na véspera, a bolsa ensaiou um movimento de venda de ações pela manhã, feita pelos investidores para embolsar lucros, mas inverteu a tendência e passou a operar em terreno positivo. Nos quatro primeiros dias de fevereiro, os estrangeiros trouxeram à bolsa R$710,9 milhões.

- Os estrangeiros estão vindo à Bovespa em busca do crescimento da economia e da boa imagem do país. Mesmo com os juros em alta, que tornam vantajosas as aplicações em renda fixa, o custo de oportunidade para o estrangeiro entrar na bolsa brasileira ainda está baixo - diz Bruno Garcia, analista da ARX Capital Management.

A alta ontem foi puxada principalmente pelas ações do setor de telecomunicações, as mais líquidas da bolsa, que subiram 1,4%, em média. Entre os papéis que fazem parte do Ibovespa, as maiores altas ficaram com Telemar Norte Leste PNA (+5,3%) e Eletrobrás PNB (+3,5%). As quedas mais significativas do índice foram de Cemig ON (-2,7%) e Telemar ON (-2%).

As projeções dos juros, em contratos negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), fecharam em baixa na maioria dos vencimentos. A poucos dias da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá a próxima taxa básica (Selic), hoje em 18,25% ao ano, o destaque ontem foi a divulgação de dois importantes índices de inflação.

Mercado aposta em alta de 0,5 ponto percentual da Selic

O IPC, calculado pela Fipe, na primeira quadrissemana de fevereiro ficou em 0,52%, contra 0,56% da quarta quadrissemana de janeiro. Já o IGP-M mostrou inflação de 0,18% na primeira prévia de fevereiro, abaixo do 0,20% anterior. Apesar da desaceleração dos índices, o mercado manteve a aposta em uma alta de 0,5 ponto percentual da Selic.

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em abril fecharam com taxa de 18,77% ao ano, contra 18,78% do fechamento de quinta-feira. A taxa do DI de julho caiu de 19,04% na quinta-feira para 19% ao ano ontem.