Título: CORÉIA DO NORTE EXIGE NEGOCIAR COM EUA SOBRE PROGRAMA DE ARMAS NUCLEARES
Autor:
Fonte: O Globo, 12/02/2005, O Mundo, p. 30

A Coréia do Norte exigiu ontem negociações diretas com os Estados Unidos para discutir seu arsenal nuclear, um dia depois de ter afirmado que possui armas atômicas e ter se retirado das conversações multilaterais sobre o tema. O governo americano recusou-se imediatamente a participar de tal forma de discussão.

Um diplomata da Coréia do Norte na ONU, em entrevista publicada ontem, fez a demanda a Washington: "Se os Estados Unidos querem conversar conosco diretamente, isto pode ser visto como um sinal de uma mudança na política hostil dos EUA em relação à Coréia do Norte."

A resposta dos EUA foi rápida.

- Há muitas oportunidades para a Coréia do Norte falar diretamente conosco dentro do contexto das conversas dos seis países - disse Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca.

Kofi Annan alerta para conseqüências de crise

Ele se referiu às negociações iniciadas em 2003 que reúnem, além de EUA e Coréia do Norte, China, Rússia, Japão e Coréia do Sul. Desde agosto de 2003, três reuniões foram realizadas para conseguir que o governo de Pyongyang se comprometesse a desistir das armas nucleares, depois de ter afirmado, em 2002, que tinha completado o ciclo de produção de urânio enriquecido capaz de ser usado em armas.

Além do governo americano, China, Coréia do Sul e Alemanha pediram que Pyongyang volte à mesa de negociação. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse confiar que as conversações não terminaram:

- A crise será resolvida, porque as conseqüências de não resolvê-la são horrendas demais para todos.

Na quinta-feira, Pyongyang afirmou que já tem armas nucleares, que teriam sido produzidas para aumentar sua defesa "face à hostilidade americana e sua política de buscar mudanças de regime."

A mudança de postura norte-coreana foi considerada um grande desafio ao presidente dos EUA, George W. Bush, que tem lidado com outra crise nuclear com o Irã.