Título: RESULTADO PARA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA É INCERTO
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Fonte: O Globo, 13/02/2005, O País, p. 9

Os números de votos potenciais foram contados e recontados nos últimos dias, mas os cinco candidatos que participam amanhã de uma das eleições mais disputadas e caras da história para a presidência da Câmara, estão, na verdade, às escuras. Nem o rolo compressor do governo dá ao candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), e seus articuladores, segurança para a vitória no primeiro turno.

Todos falam em vitória e exibem números de votos que, somados, elevam em muito a composição de 513 deputados. Além da seqüela que será deixada no PT pela candidatura avulsa do deputado Virgílio Guimarães(PT-MG), o governo teme o constrangimento de um segundo turno justamente com o azarão Severino Cavalcanti (PP-PE), o que mostraria a fragilidade da sua base aliada no Congresso.

Também participam da disputa o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Jair Bolsonaro (PFL-RJ), apenas para marcar posição. O PFL deve apoiar Greenhalgh no segundo turno. E os votos de Bolsonaro não deverão fazer diferença.

Até agora os dirigentes do PT se recusam a falar em punição para Virgilio, que manteve a candidatura apesar dos apelos até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a crise aberta no PT pela disputa com Greenhalgh não passará em branco depois de segunda-feira.

¿ O deputado Virgílio Guimarães fez uma opção e terá que responder por ela. Construiu um caminho sem volta. Depois da eleição, ele vai ter que resolver a vida dele. Como na decisão por essa candidatura, o futuro dele é ele quem decide daqui pra frente ¿ diz o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho(PT-SP).

O novo líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), amigo de Virgílio, lamenta que ele tenha insistido nesse caminho. Rocha diz que a candidatura avulsa, sem o aval partidário, prestou um desserviço ao estimular a oposição ao governo Lula no Congresso, e a valorização da enxurrada de candidatos avulsos para todos os cargos, fragilizando as instituições partidárias.

¿ Os movimentos que ele fez colocam em xeque relações partidárias e disciplinares, relações de governabilidade e até as de amizade que existiam na bancada ¿ lamenta Paulo Rocha.