Título: WALDOMIRO: INVESTIGAÇÕES AVANÇARAM MUITO POUCO
Autor:
Fonte: O Globo, 12/02/2005, O País, p. 12

Um ano depois das denúncias que abalaram o núcleo do governo federal, o caso Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, está longe de um desfecho. O inquérito sobre a suposta interferência de Waldomiro na renovação do contrato de R$650 milhões da Caixa Econômica Federal com a Gtech do Brasil foi reaberto no início de 2004, mas as investigações pouco avançaram. O procurador da República José Robalinho Cavalcanti, que acompanha a apuração da Polícia Federal, sustenta que não há solução a curto prazo para uma investigação tão complexa.

¿ Não há perspectiva de desfecho imediato. Isso é normal numa investigação como essa ¿ afirmou Robalinho.

Waldomiro Diniz ainda mora em Brasília, mas não freqüenta mais o Palácio do Planalto. Procurado em seu apartamento, em Brasília, não foi encontrado. O porteiro informou que a família está viajando desde o carnaval. O advogado de Waldomiro, Luiz Guilherme Vieira, foi procurado em seu escritório no Rio, mas não retornou a ligação.

As investigações sobre supostas irregularidades cometidas por Waldomiro começaram em fevereiro de 2004, quando a revista ¿Época¿ divulgou uma conversa entre o ex-assessor e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A conversa teria sido gravada em 2002, quando Waldomiro presidia a Loteria do Estado do Rio de Janeiro. No encontro, os dois negociam os termos de um edital e, em seguida, Waldomiro pede dinheiro a Cachoeira.

No fim do ano passado, depois de sete meses de apuração, o delegado César Nunes, responsável pelo inquérito, encaminhou à Justiça relatório com o indiciamento de Waldomiro e do empresário Rogério Buratti por concussão (corrupção praticada por servidor público ou com participação dele).

¿Outras linhas de investigação foram abertas¿

Robalinho não se satisfez com o relatório de Nunes e pediu a reabertura do caso. Para o procurador, é importante aprofundar as investigações sobre a suposta atuação de Waldomiro na renovação do contrato da Gtech com a Caixa. O procurador não deixou claro se há indícios de outros crimes cometidos por Waldomiro ou do envolvimento de outras pessoas.

¿ Outras linhas de investigação foram abertas ¿ afirmou.

Robalinho está convicto de que o contrato com a Gtech foi um mau negócio para a Caixa. Nos pregões para contratar os serviços até então exclusivos da Gtech, a Caixa obteve descontos de R$280 milhões. Para o procurador, essa diferença reforça a hipótese de que o contrato anterior estava sobrevalorizado.

Para a Caixa, a comparação é improcedente, porque os contratos têm modelos e prazos diferentes. ¿Não há como fazer correlação entre os custos do atual modelo de prestação de serviços com o que se pretende implantar a partir dos pregões em andamento, uma vez que atualmente a contratada assume a solução global da operação de loterias¿, diz texto enviado pela Caixa ao GLOBO.