Título: EMPRESÁRIOS COBRAM DE ÓRGÃO R$150 MIL
Autor:
Fonte: O Globo, 12/02/2005, O País, p. 9

Os donos do depósito Botafogo, dois empresários paulistas, estão cobrando cerca de R$150 mil pela guarda dos livros nestes cinco anos. O valor pode aumentar à medida que se amplia o prazo do aluguel do espaço. O Denatran reconhece a dívida, mas ainda não encontrou um meio seguro de fazer o pagamento. Por um motivo singelo: não existe contrato formal entre o governo e o depósito.

Não apenas problemas políticos e administrativos retardam uma decisão final sobre os livros. Fábio Antinoro informou que, depois de resolver todas essas pendências, o Denatran deverá examinar ainda o conteúdo da obra da escritora Juciara Rodrigues. Segundo ele, uma análise preliminar indicou que alguns trechos dos livros estão em desacordo com a nova política de trânsito que o governo vem implementando.

¿ Vamos chamar técnicos do Ministério da Educação para fazer uma análise da obra ¿ disse Antinoro.

Livros custaram R$506 mil à Imprensa Nacional

A sindicância instaurada pelo Denatran, concluída em setembro do ano passado, pouco ajudou. Os investigadores apenas acusaram de falta de zelo Joaquim Lopes da Silva Júnior, um dos responsáveis pela fase inicial do programa Caminho aberto à cidadania. Silva teria encomendado a impressão dos livros, mas não planejou a distribuição do material nas escolas em todo o país. O resultado da sindicância foi enviado à Controladoria-Geral da União.

Produzidos pela Imprensa Nacional em 2000, os livros custaram R$506 mil. O Denatran se dispôs a pagar o débito e até reservou recursos no orçamento para cobrir as despesas. Mas até hoje a Imprensa Nacional não apresentou a fatura. Procurado pelo GLOBO na última sexta-feira, o diretor da Imprensa Nacional, Fernando Tolentino, não retornou as ligações.

Troca de modelo de extintor de incêndio causou polêmica

O Denatran é uma das áreas mais problemáticas da administração federal. Só entre 1996 e 2002, o órgão foi chefiado por oito diretores. Também está sempre às voltas com programas inacabados, regras de trânsito polêmicas e denúncias de irregularidades.

A última confusão foi provocada pela decisão do governo de determinar a troca do modelo de extintor de incêndio dos carros e exigir que os motoristas façam cursos de segurança defensiva e primeiros socorros para a renovação das carteiras de habilitação. As medidas provocaram forte reação e, no final do mês, serão rediscutidas em Brasília com os diretores de Detrans dos estados.