Título: Altas chegaram a carros e eletrodomésticos
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Fonte: O Globo, 13/02/2005, Economia, p. 31

A alta do petróleo e o crescimento da economia mundial, principalmente o da China, elevaram a inflação no atacado e para o consumidor aqui no Brasil. Aumentos de mais de 100% estão entre as maiores variações de preços registradas pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), o único índice que capta as oscilações de preços para o produtor, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O benzeno, derivado do petróleo usado em lubrificantes, peças para carros e tintas, subiu 132,04% no ano. Os derivados de aço encostaram nos 100% em 2004. A Fundação mostrou que as placas de aço comum subiram 85,60% e as chapas grossas, 80,64%.

Segundo André Furtado Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços do grupo ferro, aço e derivados subiram 57,66% no ano. Para o consumidor, as remarcações perderam o fôlego. Mesmo assim, excluindo os alimentos, foram responsáveis pelas maiores altas no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE e que orienta o sistema de metas de inflação do governo. Os automóveis novos e os eletrodomésticos, que usam os derivados de aço, ficaram 13,65% e 9,62% mais caros.

¿ Itens como aço, ferro e resinas plásticas, com aumentos sucessivos iniciados no fim de 2003, propagaram-se aos preços no varejo ao longo de 2004, repercutindo em vários bens ¿ disse Eulina Nunes, gerente do Sistema de Índice de Preços do IBGE.

E as altas no mercado internacional do aço devem continuar este ano, na opinião de Alex Agostini, economista da Consultoria GRC Visão:

¿ O crescimento mundial, particularmente o da China, vem aumentando a demanda por aço, o que fez o preço internacional do produto subir e rebater nos preços internos O crescimento global deve se repetir este ano e continuar a pressionar as cotações internacionais do aço.

Em 2004, o álcool subiu 31,58%

Já para as cotações do petróleo, a tendência é de manutenção dos preços, o que deve reduzir os reajustes dos derivados este ano. Para o consumidor, a gasolina subiu 14,64% em 2004, no maior impacto do ano. Além da alta do petróleo, o álcool ajudou a pressionar os preços do combustível. No ano passado, o produto subiu 31,58%.

Segundo Agostini, a alta de juros ¿ que passou de 16% ao ano em meados do ano passado para 18,25% anuais em janeiro ¿ não consegue neutralizar esses impactos nos preços.