Título: SOBREVIVENTES DEPÕEM EM PERNAMBUCO
Autor:
Fonte: O Globo, 15/02/2005, O País, p. 8

O sargento PM Cícero Jacinto da Silva e o soldado Adilson Alves Aroeira, sobreviventes do ataque de militantes do MST no assentamento Bananeiras, na semana passada, acusaram ontem o movimento de armazenar armas de fogo, como revólveres e espingardas. Ontem a família do soldado Luis Pereira da Silva, morto no assentamento, exigiu justiça. A viúva, Edite Silva, disse que seu marido foi torturado antes de morrer:

¿ Não sei se ele morreu dos tiros, porque ele sofreu muito antes de morrer. Quebraram os braços, as pernas e até na testa tinha sinais de pancadas. Acho que morreu de pancadaria.

Por quatro horas, os dois policiais militares prestaram depoimento ao delegado regional de Palmares, Antônio Carlos Gomes e Câmara. Eles disseram que, ao chegar ao assentamento, no município de Quipapá, encontraram os colonos armados. Os PMs confirmaram que trabalhavam para o serviço de inteligência da Polícia Militar, porque haviam recebido denúncias de que um dos líderes do MST, Ricardo Oliveira, estava circulando armado por Quipapá e Palmares, e que estaria envolvido com atividades ilícitas. Embora não fosse assentado no Bananeiras, Oliveira freqüentava o assentamento.

Oliveira respondeu pela primeira-secretaria do movimento no estado, mas, segundo o coordenador regional do MST, Jaime Amorim, ele fora expulso em 2004, justamente por desvios de conduta.

Ontem a Secretaria de Desenvolvimento Social de Pernambuco confirmou denúncia feita por Oliveira, segundo a qual haveria irregularidades na aplicação de recursos públicos repassados ao MST para construção de casas nos assentamentos. O secretário de Desenvolvimento Social, José Arlindo Soares, disse que dez projetos sob suspeita encontram-se em análise no Tribunal de Contas do Estado. Ele informou que o MST não prestou contas da aplicação do dinheiro.