Título: ALA OPOSICIONISTA DO PMDB GANHA FORÇA NA CÂMARA
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Fonte: O Globo, 15/02/2005, O País, p. 10

O Palácio do Planalto corre o risco de perder o apoio da maioria do PMDB na Câmara. A ala oposicionista do partido está levando vantagem na disputa pelo controle da bancada. A primeira derrota do grupo governista ocorreu ontem de manhã, quando o candidato do líder José Borba (PR) para concorrer a um outro cargo na Mesa, Henrique Eduardo Alves (RN), perdeu a indicação para o deputado Waldemir Moka (MT), apoiado pelos que defendem o afastamento do partido do governo.

Moka, ex-presidente da Comissão de Agricultura e ligado à bancada ruralista, foi escolhido por 54 votos a 31 para ser o candidato da bancada do PMDB à primeira secretaria da Câmara, o cargo mais importante depois da presidência, conhecido como a prefeitura da Casa.

¿ Indiretamente foi um resultado ruim para o Borba. Mas a escolha do líder é outro tipo de eleição e envolve outros interesses políticos ¿ disse o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), governista e irmão do novo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Ministros se articulam pela reeleição de Borba

A articulação política do governo na Câmara sairá derrotada se a recondução de Borba como líder não for confirmada. Por isso, os ministros Aldo Rebelo (Coordenação Política), Eunício Oliveira (Comunicações) e Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) se envolveram no processo eleitoral. Na madrugada de sábado, Eunício participou de uma reunião de governistas na casa do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Domingo à noite, Eunício voltou à casa de Barbalho, mas desta vez acompanhado de Aldo e Campos.

¿ Vamos ver. Temos tempo para trabalhar ¿ disse ontem Eunício, sobre a disputa pela liderança do partido na Câmara.

O candidato dos oposicionistas é Saraiva Felipe (PMDB-MG). A fragilidade de Borba ficou mais evidente ontem, quando aliados de Saraiva anunciaram que tinham 47 assinaturas pela destituição do líder. Ontem as bancadas de PMDB e PT eram de 90 deputados. Com o risco de serem ultrapassados em número pelo PMDB, os petistas já planejavam formar um bloco com outros partidos (PCdoB ou PL, provavelmente) para não perder o direito de comandar a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Casa. O prazo para formação de blocos acabou ontem à meia-noite.