Título: DESEMBARGADOR SUSPEITO DE FRAUDE EM RORAIMA TEM POSSE ADIADA NO TJ
Autor:
Fonte: O Globo, 15/02/2005, O País, p. 12

Suspeito de estar envolvido num escândalo que na semana passada resultou na prisão de sua mulher e de cinco servidores do Judiciário local, o desembargador Mauro Campello, que assumiria no dia 17 como presidente do Tribunal de Justiça de Roraima, pediu ontem para adiar a posse por 30 dias. O desembargador apresentou um requerimento ao pleno do Tribunal e os desembargadores, depois de cinco horas reunidos, decidiram por unanimidade atender ao pedido.

No requerimento, Campello argumenta ter feito a solicitação para manter a integridade da instituição. A mulher do desembargador, Larissa de Paula Mendes Campello, a mãe dela, Clementina Mendes, outros quatro servidores do Tribunal Regional Eleitoral e um do Tribunal de Justiça são acusados pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, exploração de prestígio e supressão de documentos. Eles são apontados pela PF como integrantes de um esquema que, entre outras irregularidades, desviava salários de servidores do TRE.

Após 30 dias, novas eleições podem ser convocadas

No dia 17, assumirá interinamente a presidência do TJ de Roraima o desembargador Lupercino Sá Nogueira, que foi eleito vice-presidente. O novo corregedor, desembargador José Pedro Fernandes, também assume o cargo normalmente. O pedido de adiamento foi feito com base no regimento interno do TJ de Roraima, que permite a prorrogação da posse por 30 dias.

Se depois desse período Campello não puder assumir a presidência, serão convocadas novas eleições só para o cargo de presidente do TJ. O atual presidente do Tribunal, desembargador Ricardo Aguiar, informou que, se isso ocorrer, em 10 dias serão realizadas novas eleições. Campello também pediu uma licença médica por 10 dias.

Em nota divulgada ontem, Campello afirma que ¿é imprescindível que antes de ocupar cargo de tamanha importância seja necessário o total restabelecimento da verdade dos fatos¿. Na nota, ele diz que se encontra abalado emocionalmente e que não tem condições de continuar julgando. Diz ainda que pretende cuidar da saúde para encontrar forças para superar as adversidades e lutar para que prevaleça a justiça.

O juiz da 1ªª Vara Federal de Roraima, Hélder Girão Barreto, encaminhou no domingo o processo ao Superior Tribunal de Justiça, porque as investigações apontam indícios de envolvimento de Campello, que tem foro privilegiado, e de outros três juízes de primeiro grau que atuam no TRE.