Título: ACORDO PARA CONSTRUIR FÁBRICA EM CUBA
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Fonte: O Globo, 15/02/2005, O País, p. 13

Os governos do Brasil e da Venezuela pretendem, em parceria com Cuba, construir uma fábrica de lubrificantes em Havana. Um dos 11 protocolos assinados ontem em Caracas prevê uma associação entre a Petrobras e as companhias de petróleo da Venezuela (PDVSA) e de Cuba (Cupet) na produção de lubrificantes na capital cubana para o consumo interno e exportação para os vizinhos caribenhos. O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, explicou que a construção da fábrica dependerá de mudanças na legislação cubana, que exige um mínimo de 50% de participação cubana da composição societária de empresas que operam no país, enquanto a Petrobrás e a PDVSA querem, cada uma, para entrar no negócio, controlar um terço da fábrica.

A fábrica levará para a área comercial uma parceria já desenvolvida entre os três países no campo político. Lula e Chávez estão empenhados em tirar o regime de Fidel Castro do isolamento imposto pelo governo americano. Com o protocolo, eles oferecem tecnologia na área de petróleo para ajudar na recuperação da economia cubana.

Investimentos para a fábrica chegam a US$20 milhões

Dutra explicou que a fábrica exigirá investimentos de no máximo US$20 milhões. Segundo ele, a Petrobras já estudou o mercado cubano e concluiu que o negócio é viável. Outro protocolo, também assinado ontem, prevê a participação da PDVSA na construção de uma refinaria no Brasil. O projeto, estimado em US$2 bilhões, terá capacidade de refinar de 150 mil a 200 mil barris por ano. O presidente da Petrobras disse que o lugar da futura refinaria ainda não foi escolhido, mas é provável que seja no Nordeste. A informação também foi dada pela ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que está preocupado em buscar mais equilíbrio nas trocas com a Venezuela, de modo a gerar ¿mais riqueza e emprego dos dois lados da fronteira¿. Além de sete ministros (Fazenda, Desenvolvimento, Relações Exteriores, Energia, Saúde, Turismo e Pesca) e três presidentes de estatais (Petrobras, Eletrobrás e BNDES), a comitiva é integrada por empresários, a quem Lula pediu apoio.

¿ Deixo uma provocação: associem-se, façam negócios, gerem renda e empregos. O sucesso individual será o sucesso de todos. Unidos, alcançaremos níveis superiores de liberdade.

Lula prestou solidariedade aos venezuelanos atingidos pelas enchentes e readaptou uma frase muito usada em seus últimos discursos para comemorar a assinatura dos acordos:

¿ O século XIX e parte do século XX foram europeus. Parte do século XX foi dos EUA. Se tivermos consciência e agirmos com audácia, o século XXI será de Venezuela, Brasil, América do Sul e América Latina. Não temos o direito de jogar fora essa oportunidade. Chávez e eu temos mais dois anos de mandato. Divergência aparecem porque só existem onde há democracia.

Lula diz que grande sonho é integração dos países latinos

Na segunda etapa da agenda de ontem com Chávez, Lula declarou que seu grande sonho é a integração dos países latinos. Ele agradeceu o apoio à candidatura brasileira ao Conselho de Segurança na ONU e na reeleição do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio.

¿ Seremos mais fortes e teremos influência política se unificarmos os iguais, os em desenvolvimento, os que não fazem parte do chamado mundo rico. Essa reunião não pode ser vista como mais um encontro comercial.