Título: HIV MAIS LETAL PODE TER SE ESPALHADO
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Fonte: O Globo, 15/02/2005, Ciência e Vida, p. 28

Vírus da Aids isolados em dois pacientes estão sendo estudados para que se determine se pertenceriam ao raro e potencialmente mais agressivo subtipo de HIV detectado em um paciente em Nova York na última sexta-feira, anunciaram ontem cientistas envolvidos no estudo.

Muitos testes ainda precisam ser feitos para que se determine se o subtipo encontrado nessas três pessoas seria o mesmo, afirmou David Ho, diretor do Centro de Pesquisa em Aids Aaron Diamond, que está conduzindo alguns dos testes junto com a secretaria de Saúde de Nova York. Alguns resultados estarão disponíveis em poucas semanas, disse o especialista, mas outros ainda demoram.

Mesmo que se confirme que se trata do mesmo subtipo de HIV, isso não significa necessariamente que o mundo está diante de um supervírus. Fatores genéticos dos pacientes podem fazer com que a infecção progrida mais rapidamente do que o normal.

Testes feitos no paciente de Nova York (e que deflagraram a investigação) mostraram que o seu subtipo é resistente a 19 das 20 drogas anti-retrovirais usadas no tratamento da doença. Especialistas afirmaram ainda que o subtipo teria levado à uma rápida progressão da doença. Foi dito também que o sistema imunológico do paciente poderia estar debilitado em razão de um histórico de uso de drogas. O anúncio foi feito pelo secretário de Saúde de Nova York, Thomas R. Frieden.

Exames mostraram que o HIV do paciente era muito distinto dos subtipos que circulam normalmente em Nova York. Agora, a equipe de Ho está testando um vírus isolado num homem que teria se infectado antes de se tornar parceiro sexual do homem de Nova York. Eles mantiveram relações em outubro, poucas semanas antes de o homem de Nova York adoecer, tornando o parceiro ¿uma potencial fonte¿ do vírus, segundo Ho.

A segunda amostra de vírus que está sendo estudada é de um paciente não identificado de San Diego que também teria se infectado antes do homem de Nova York. Ele foi localizado a partir de arquivos médicos e seu subtipo de vírus teria um padrão similar ao do isolado em Nova York.

Homem teve centenas de parceiros em semanas

Médicos de todo o país estão mandando amostras de vírus para o laboratório de Ho para análise. De acordo com o especialista, um outro parceiro sexual do homem de Nova York se recusou a participar da investigação epidemiológica. Não se sabe se ele é soropositivo. Esse homem é apenas um entre as centenas de parceiros sexuais que o paciente de Nova York teve nas últimas semanas, segundo ele mesmo contou às autoridades sanitárias, enquanto fazia uso de drogas. Aparentemente, entretanto, ele não sabe o nome de todos os parceiros.

As autoridades de saúde estão tentando rastrear ao máximo seus contatos sexuais. Até agora, eles teriam conseguido localizar ¿cerca de uma dúzia¿, segundo a diretora de comunicações da secretaria, Sandra Mullin.