Título: OTIMISMO EM RELAÇÃO À ECONOMIA BRASILEIRA
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Fonte: O Globo, 15/02/2005, Especial, p. 4

Apesar dos desafios que a demanda chinesa, a trajetória dos juros americanos e as oscilações do petróleo podem impor às economias emergentes, o cenário externo não deverá ameaçar a expansão da economia brasileira. A avaliação, feita ontem pelo economista Otaviano Canuto, representante do Brasil no Banco Mundial (Bird), durante o seminário ¿Cenários da economia brasileira e mundial em 2005¿, é compartilhada por Carlos Mariani, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Mariani mostrou-se otimista em relação ao Brasil e, como o representante do Bird, também acredita que o maior risco está relacionado à economia americana ¿ seja no que diz respeito à trajetória do dólar ou das taxas de juros. No entanto, afirmou que a política monetária responsável, o esforço fiscal, os contínuos superávits comerciais e a redução do endividamento público e a melhora no perfil da dívida criaram uma rede de proteção para a economia brasileira suportar eventuais crises externas.

¿ Nossa capacidade de resistência hoje é muito melhor do que há dois anos atrás. O Brasil reduziu muito sua vulnerabilidade externa e está mais resistente às oscilações do mercado internacional. As atuais condições favoráveis do mercado internacional devem ser mantidas e o Brasil conseguirá passar por eventuais derrapagens ao longo do percurso ¿ acredita Mariani.

O presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Marcílio Marques Moreira, se disse cautelosamente otimista em relação aos dados apresentados por Canuto. Ele defendeu a renovação do acordo com o Fundo Monetário Internacional, em caráter preventivo, para amortecer eventuais impactos de choques externos e, ao contrário de Canuto, crê que o petróleo impõe o maior risco à economia global.

¿ Grandes crises estiveram relacionadas à questão do petróleo em 1973, 1979, 1982 e 2001 ¿ disse Marcílio.

Acordo com FMI protegeria Brasil

Ele se mostrou preocupado com o crescimento sustentado:

¿ É preciso investir em infra-estrutura para garantir o crescimento de 2006 em diante.

Nelson Rocha Augusto, presidente da BB DTVM, disse estar mais otimista que Canuto em relação ao Brasil:

¿ Ainda é preciso avançar muito nas reformas, mas não me surpreenderia se o Brasil rompesse a barreira dos 4% de crescimento em 2005. Também tenho boas perspectivas em relação à formação bruta de capital fixo (investimentos para ampliar a capacidade) em 2005: devem ficar em 23%, acima dos 20% estimados para 2004.