Título: LEVY: PREÇOS DESTOAM DE POLÍTICAS FISCAL E EXTERNA
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Fonte: O Globo, 15/02/2005, Especial, p. 6

Avanço das exportações, política fiscal consistente, crescimento econômico, aumento do emprego e expansão do crédito. Não faltaram indicadores favoráveis na apresentação do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que participou do painel ¿O cenário doméstico¿, junto com o diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre, da FGV), Luiz Guilherme Schymura. Mas, quando se trata de apontar os pontos frágeis, Levy repetiu o diagnóstico do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de preocupação com a inflação.

Às vésperas da reunião do BC que decidirá a nova taxa básica de juros da economia, Levy lembrou que, no ano passado, entre 16 grandes economias emergentes, o Brasil só registrou inflação menor do que Venezuela, Rússia e Turquia:

¿ Os setores fiscal e externo vão bem no Brasil, mas, ainda assim, nossa inflação está acima dos demais emergentes.

Também preocupa a grande dispersão de preços ¿ itens subindo muito e outros subindo pouco ¿ e os reajustes acima de 8% em segmentos importantes, como comunicações. Levy destacou que a equipe econômica tem adotado uma política fiscal contracionista, ou seja, que restringe o crescimento e segura a inflação.

Levy garantiu que a política fiscal é prioridade do governo. Mas, confrontado com números apresentados por Schymura, do Ibre, Levy reconheceu que os gastos com funcionalismo devem crescer em 2005.

Mais gastos com pessoal em 2005

Ele fez a ressalva que, nos últimos dois anos, a despesa com salários e aposentadorias de funcionários públicos caiu como proporção do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país). Mas esse gasto, hoje em 5% do PIB, deve subir.

¿ O governo assumiu alguns compromissos para 2005. Foram negociadas diversas e importantes reavaliações de carreira, que terão um impacto já discriminado no Orçamento ¿ disse Levy, lembrando que, ainda assim, os gastos ficarão abaixo do que eram em 2002, antes de o presidente Lula assumir.

O secretário destacou que os gastos sociais no Brasil são hoje de 22,1% do PIB, patamar próximo ao de nações ricas, e que isso em parte explica a elevada carga tributária do país:

¿ Já estamos gastando no limite, ou próximos ao limite.