Título: FGV CRITICA GASTO PÚBLICO E FAZ APELO POR REFORMAS
Autor:
Fonte: O Globo, 15/02/2005, Especial, p. 6

A economia brasileira está assentada em pilares robustos ¿ superávit fiscal, metas para inflação e câmbio flexível ¿ mas o crescimento sustentado vai depender de reformas microeconômicas e de uma melhora nos gastos públicos. Esta é a avaliação de Luiz Guilherme Schymura, diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, que defendeu uma redução da carga tributária e uma nova mudança na Previdência.

¿ Em 2004, tivemos crescimento com inflação controlada e superávit em conta corrente. Há mais de 30 anos não víamos essas condições reunidas ¿ disse Schymura, acrescentando que é preciso, porém, avançar na agenda de reformas, com modernização da legislação trabalhista e consolidação de marcos regulatórios para atrair os investimentos.

Previdência sem um piso mínimo

Schymura afirmou que a única maneira de reduzir a pesada carga tributária brasileira é diminuindo os gastos primários do governo, já que o Brasil não tem como aumentar ainda mais seu endividamento público. Por isso, disse o economista, é preciso fazer uma nova reforma no regime geral da Previdência, destinado aos trabalhadores do setor privado, cujo déficit deve chegar a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas no país) este ano. Schymura sugeriu que se exija uma idade mínima para a aposentadoria e que seja alterado o fator previdenciário, usado no cálculo dos pagamentos e que, hoje, permite que em alguns casos os inativos recebam mais do que quando na ativa.

O economista também defendeu que o piso dos benefícios da Previdência seja desvinculado do valor do salário-mínimo. Segundo ele, nos últimos cinco anos, o reajuste do mínimo foi 4,36% superior ao aumento do custo de vida dos idosos. Caso fosse levado em conta um índice de preços para essa faixa da população, as despesas da Previdência seriam reduzidas em R$3 bilhões.

Schymura também criticou o aumento da folha salarial do governo, que cresceu de R$34,34 bilhões em 2001 para R$37,06 bilhões em 2004. (L.R.)