Título: SEVERINO SEMPRE VOTOU COM GOVERNO
Autor: Letícia Lins/Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 16/02/2005, O País, p. 8

Nestes dois anos de governo Lula, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) sempre votou com o governo. Numa avaliação feita nas primeiras horas da manhã de ontem, no Planalto, pelos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) chegou-se à conclusão de que Severino é um deputado afinado com o governo. E que não será difícil, portanto, ser um presidente afinado com as intenções do Planalto.

Numa análise detalhada do mapa de votações importantes de interesse do Executivo, Severino comportou-se como um aliado fiel, inclusive em temas impopulares. Votou com o governo no aumento reduzido do salário mínimo, nas reformas da Previdência e tributária e na polêmica regulamentação do sistema financeiro. Votou a favor, inclusive, da polêmica proposta de cobrança de contribuição previdenciária dos aposentados.

O novo presidente da Câmara também aprovou a medida provisória que deu status de ministro ao presidente do Banco Central. Votou a favor da Lei de Falências e do projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas).

Wagner: governo manterá boa relação com Severino

O desempenho de Severino Cavalcanti nas votações da Câmara sustenta a tese dos palacianos de que não será difícil uma composição com o governo.

O ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, disse ontem que o governo manterá uma boa relação com o novo presidente da Câmara e que vai respeitar a decisão da maioria da Casa. Ele disse ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não interferiu no processo sucessório de João Paulo Cunha e que o resultado das eleições mostrou que o governo federal não recorreu à prática de trocar cargos e favores para vencer a disputa na Câmara.

- Nós manteremos o relacionamento normal com o presidente Severino Cavalcanti. Foi a vontade legítima da Câmara pela maioria e será respeitada pelo presidente Lula e seu governo. O próprio presidente, durante todo o processo, insistiu em não desembarcar e interferir na disputa para dizer quem seria o candidato do governo. Ele insistiu na autonomia da Câmara - afirmou.

Jaques Wagner acrescentou que foi a escolha da maioria da Casa e que a derrota faz parte do jogo democrático.

- Não devemos tomar o resultado desta eleição como uma derrota do governo. Nós, do governo, vamos continuar trabalhando a relação institucional entre os poderes, como sempre fizemos. O resultado é a comprovação de que esse jogo de toma-lá-dá-cá que querem nos imputar é uma inverdade. O presidente da República não interferiu nessa eleição - reiterou.