Título: PRISÃO DE SUSPEITO JÁ FORA PEDIDA
Autor: Jaílton de Carvalho/Rodrigo
Fonte: O Globo, 16/02/2005, O País, p. 14

A Polícia Federal pediu em setembro de 2004 a prisão do fazendeiro Vitalmiro Gonçalves de Moura, agora acusado de mandar matar a missionária Dorothy Stang. O pedido foi recusado pela Justiça Federal, que teria considerado inconsistentes os indícios levantados pela polícia contra Moura.

Segundo a polícia, Moura tem fortes ligações com Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, integrante do esquema de desvios de recurso da extinta Sudam. Taradão fez parte do grupo de supostos aliados do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).

Ano passado, a PF abriu inquérito para investigar desmatamento ilegal e outros crimes em Anapu. Moura chegou a ser indiciado por formação de quadrilha e crimes ambientais, mas a Justiça Federal rejeitou o pedido de prisão dele.

- Dizem que nada fizemos. Fizemos nossa parte. Pedimos a prisão, sem sucesso - disse o delegado Raimundo Soares Freitas, da PF no Pará.

O delegado acrescentou que em junho de 2004 pelo menos 15 policiais estiveram em Anapu para assegurar o trabalho de funcionários do Incra.

No fim da tarde, a PF divulgou uma foto antiga de Moura. O retrato, tirado em 1988, faz parte do banco de dados do Instituto de Identificação do Pará. Na imagem, o fazendeiro aparece sem barba e com topete alto. Para a PF, Moura pouco mudou nos últimos anos. A direção-geral da Polícia Federal reforçou o contingente de policiais mobilizados na busca a Moura, aos pistoleiros José Maria Pereira e Uquelano Pinto e a Amauri Cunha, apontado como intermediário na contratação dos matadores.

Mas, mesmo com a ajuda dos policiais civis e militares, as buscas foram infrutíferas. Os policiais receberam muitas informações discrepantes e nenhuma se confirmou.

- Até agora não temos nenhuma pista concreta de onde eles estão - afirmou o superintendente da Polícia Federal no Pará, José Sales.

A polícia deve divulgar hoje o retrato falado de um dos suspeitos. O retrato-falado vai ser baseado no relato de uma das testemunhas que estava ao lado de Dorothy Stang no momento dos primeiros disparos. As péssimas condições das estradas e a chuva que castiga Anapu vem dificultando a ação policial.