Título: INDÚSTRIA: RIO FICA NA LANTERNA E SP CRESCE 11,8%
Autor: Vagner Ricardo:Vagner da Costa
Fonte: O Globo, 16/02/2005, Economia, p. 27

A indústria do Rio de Janeiro, prejudicada pela queda na extração de petróleo, e a de São Paulo, beneficiada pela diversidade de seu parque, fecharam o ano em posições opostas no ranking nacional. A produção industrial fluminense cresceu apenas 2,4% em 2004, ocupando a lanterna entre as 14 áreas pesquisadas, e a paulista, 11,8%, sua melhor marca desde o início da série histórica, em 1992, informou ontem o IBGE. Mas a maior expansão, de 13%, foi obtida pelo estado do Amazonas, seguido pelo Ceará, com 11,9%. São Paulo ocupou a terceira posição.

Oito estados superaram o crescimento médio da indústria brasileira de 2004 (de 8,3%), o maior desde o Plano Cruzado, de 1986. Seis ficaram abaixo da média nacional, mas todas as 14 regiões pesquisadas fecharam no terreno positivo.

A expansão industrial continuou desigual, dando indicações de permanecer concentrada no ano passado, observou o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida. Ele lembrou que, apesar de superado por Amazonas e Ceará em termos percentuais, o expressivo crescimento da indústria paulista - responsável por mais de 40% da produção nacional - fez a diferença em 2004.

- A expansão da produção industrial é bem-vinda, mas precisa ser mais homogênea e englobar mais setores, como os bens semiduráveis e não duráveis, e mais regiões. Se repetir 2004, o resultado de 2005 será concentração industrial na veia - alertou.

Segundo o IBGE, o crescimento industrial foi mais dinâmico entre os setores ligados ao comércio exterior, agronegócios ou sensíveis ao crédito e à taxa de juros, que foi menor do que em 2003. Isso favoreceu as indústrias de bens de consumo duráveis (como veículos) e de bens de capital (máquinas e equipamentos), lembrou André Macedo, do IBGE.

Ásia e Europa levam agroindústria a recorde

Esta conjuntura favoreceu a produção de televisores e celulares no Amazonas - material eletrônico e equipamentos de comunicações cresceram 23,6% - e as montadoras paulistas, que tiveram alta de 29,3% e lideraram a expansão no estado. Já o desempenho do Rio, dependente da indústria extrativa (petróleo), que recuou 3,6% em 2004, foi afetado pelas paradas técnicas das plataformas da Petrobras, disse o IBGE. A economista Luciana de Sá, da Firjan, lembrou que o Rio cresceu mais em dezembro (4,6% sobre igual mês de 2004), graças à retomada da indústria extrativa (avanço de 3,3%).

A produção da agroindústria estabeleceu um recorde histórico em 2004: cresceu 5,3%, o maior desde o início da pesquisa (1992), informou também o IBGE. A reação foi puxada pelas vendas externas de carnes de aves e bovinos para Ásia e Europa.