Título: RENAN QUER PRIORIZAR REFORMA POLÍTICA
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 17/02/2005, fidelidade, congresso, p. 13

Na semana em que todas as convenções da política foram desfeitas, com desrespeito a acordos e às regras de proporcionalidade, além do intenso troca-troca entre os partidos, com filiações em massa, o Congresso tenta dar prioridade à reforma política. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai patrocinar a retomada da discussão com um almoço em sua casa, na terça-feira. Serão convidados o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), líderes de todos os partidos nas duas Casas e os presidentes dos partidos.

- Vamos construir uma convergência, definir os passos necessários. Podemos aprovar o que for consensual, estabelecer um calendário de votações para apreciar pontos polêmicos e tomar decisões que precisam de mais tempo para ser implantadas - disse Renan.

O Senado já votou a reforma política, emperrada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara por pressão dos partidos da base governista, especialmente o PL, o PP e o PTB, que não aceitam o financiamento público de campanhas, a votação em listas partidárias, o fim das coligações proporcionais e a fidelidade partidária, que obriga a permanência mínima de três anos na legenda.

Da tribuna, o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), comentou a derrota do governo na eleição da Câmara e enfatizou a necessidade da reforma política:

- A vitória de um candidato avulso revela uma crise na representação política, que é suprapartidária, fragilizando os partidos e suas lideranças. A candidatura avulsa é um desrespeito ao eleitor, pois desrespeita a proporcionalidade e as bancadas.

Projetos polêmicos e importantes estão na Câmara

Na semana seguinte, em 1º de março, um novo almoço, com o mesmo formato, deverá tratar da reforma tributária e das mudanças na tramitação do Orçamento. No fim do ano passado, o Senado limpou a pauta de votações e todos os projetos polêmicos e importantes tramitam na Câmara, como as reformas tributária e da Previdência, a regulamentação da reforma do Judiciário e a Lei de Biossegurança.